sábado, dezembro 24, 2022

Migrantes em vez de filhos.

Não é de todo a única, mas uma das razões que justificam a imigração massiva a que a Europa está a ser sujeita desde os anos 90 do século XX é esta.

É claro que o fenómeno também decorre de políticas que castigam a fertilidade e de ideologias que a condenam moral e operacionalmente. Mas os números não deixam de ser eloquentes e assustadores. Uma sociedade que não se perpetua geneticamente é devorada numa questão de décadas. 

Estas últimas palavras que acabei de escrever levantaram dentro da minha cabeça uma questão terrífica: será que é digna de ser lamentada uma sociedade incapaz de se perpetuar geneticamente? É claro que não. Às tantas, começo a pensar, para minha própria surpresa, que o melhor que pode acontecer à Europa é esvaziar-se rapidamente destes europeus sem vitalidade nem identidade, estes europeus que não querem ter filhos nem chatices nem responsabilidades, estes europeus que gostam de ser dependentes do estado e que se sentem seguros quando são tiranizados; estes europeus  que trocaram a democracia constitucional pela Comissão Europeia, a igreja pelo clube de futebol e o fórum pelas redes sociais; estes europeus seguidistas e obedientes, fracos e egoístas; retrato acanhado e deprimente do Sapiens do século XXI.

Até fico arrepiado por chegar a esta conclusão. Mas é como é.

Eu próprio não tenho filhos. Mas sei ao menos que falhei, senão comigo, com a sociedade, nessa vertente do conjunto dos meus deveres.