Em primeiro lugar, a Londres medieval, portanto pré-Isabelina, devia ter mulheres negras residentes num número imenso, que se estende entre o zero e a improbabilidade de meia dúzia. A população total da cidade, durante todo o século XIV, nunca excedeu as 80.000 almas e a nação não era de todo a potência marítima que foi depois, pelo que a demografia da cidade era essencialmente constituída por indígenas e uns quantos diplomatas e comerciantes do continente.
E mesmo que essa improvável meia dúzia estivesse lá a sofrer os horrores da peste não há maneira de sabermos se morreram, se sobreviveram ou se morreram ou sobreviveram numa maior ou menor percentagem do que o resto da malta, ao contrário do que afirma o artigo (a validade dos métodos de pesquisa anunciados no texto já foi comprovadamente desqualificada).
Por último, se calhar seria mais propedêutico - e decente, já agora - que os arrivistas da BBC, uma estação de propaganda anti-britânica que os contribuintes britânicos são obrigados a sustentar, dedicassem a sua comiseração a toda a gente que morreu por causa da praga bubónica londrina e não apenas às imaginárias, ou proporcionalmente irrelevantes, mulheres negras, que serão mais desgraçadas que quaisquer outras espécies de seres humanos pelo simples facto de serem negras, o que é de um racismo recordista.
Tudo isto é de tal forma idiota que às vezes até penso se vale a pena escrever sobre a idiotia. Mas a rapaziada do Lotus Eaters acha que sim, que vale a pena dar na cabeça dos "jornalistas" da BBC, a propósito deste magnífico exemplo de estupidez humana. E quem sou eu para pensar de outra maneira?
E de facto: os jornalistas que temos hoje no Ocidente, por muito que sejam odiados, não são odiados tanto quanto merecem.