segunda-feira, julho 15, 2024

Em negação, como é habitual.

Farto-me de rir com os americanos. Enquanto a esquerda se diverte com o atentado a Trump, parodiando até o facto de o homem ter apelado à luta logo depois de ter sido baleado, e desistindo de disfarçar a desilusão pelo tiro não ter feito mais estragos que aumentar as hipóteses eleitorais do velho magnata, a direita vangloria-se: um milímetro para o lado direito e era a guerra civil, o levantamento de um povo subitamente feito guerreiro de trincheira, sangue nas ruas e bombas no Capitólio, enfim, a revolução populista a ferro e fogo.

A sério? Os conservadores americanos são todos os dias baleados na sua dignidade, nos seus direitos, nas suas tradições, nas suas liberdades, nas suas convicções religiosas. São odiados pela imprensa, desprezados pelos políticos que elegem, fascizados pelo governo federal, ocupados por povos alienígenas, espiados pela CIA, perseguidos pelo FBI, desempregados pela oligarquias industriais, mal tratados por activistas, envenenados pelos médicos, drogados pelas farmacêuticas, condenados - inocentes - pelos juízes, enviados para a morte pelo Pentágono, moralmente corrompidos pela ideologia de género e os valores satânicos de Hollywwod, deseducados e espoliados pelas universidades, roubados pelo Tio Samuel, empobrecidos pela Reserva Federal, chantageados pelos bancos e ludibriados pelos corretores.

Ainda assim, continuam com as suas vidinhas, como se nada fosse. Era agora por causa de alguém ter acertado um tiro em cheio na cabeçorra de Donald Trump que iam pegar em armas e escangalhar a tirania?

Não me entendam mal. A segunda guerra civil americana está em campo. Já desde os temos de Barak Obama. Mas só tem uma frente armada: o Governo Federal e as suas máquinas industrial, financeira, militar e de propaganda. Do outro lado, não há exército, não há soldados, não há rebeldes. Só há civis inconscientes de tudo. Só há vítimas.

Farto-me de rir com os americanos.