domingo, julho 18, 2004
Azul de Raiva.
De olho ultra-violeta apontado para o Sol, o observatório heliosférico Soho ensina-nos que somos vizinhos de um corpo celeste de terrível temperamento, câmara de combustão enraivecida pela solidão do universo, aqui captada em plena tormenta magnética, cuspindo flares e plasma em jactos que alcançam facilmente a altura de dez perímetros terrestres. Afinal, o sol é a substância do caos, a forma da fúria, a essência da entropia. Afinal, é um astro de maus fígados, um discóbolo deus fulminante, um pesadelo térmico em convulsão megalítica que nos ilumina o sofrido caminho pela homérica curvatura da terra.