quarta-feira, julho 23, 2008

Outra vez a Volta de sempre.

Estou aqui a olhar para um conjunto de super heróis que pegam numas bicicletas e decidem discordar sobre quem chega primeiro aos Alpes. Vejo montanhas porreiras para alpinistas mas desumanas para quem vai de bicicleta. Vejo que as motas dos repórteres são mais lentas a descer por aquelas montanhas a baixo. Por amor de deus: deixem lá os tipos doparem-se à vontade. Os senhores que expulsam os super heróis da Volta à França por serem os super heróis da Volta à França deviam ir fumar uma ganza. Ou para o inferno. O meu último grande herói é o italiano Ricardo Riccò e quem tira prazer da Volta a França está de certeza de acordo comigo: vitaminado ou não, é bonito de ver. E, por favor, não me venham com a moral da história. Os desportos de alta competição não são, de qualquer forma, desportos. Isso eram coisas de aristocratas ingleses - aborrecidos com a vida. Vão lá perguntar aos clássicos - afinal, eram os sábios - se estavam preocupados com as dopaminas que o tipo da Maratona tomou para correr 42 quilómetros depressinha. Se na altura ele tivesse uma bicicleta e duas gramas de cocaína, teria sido um deus! Poupem-me lá ao puritanismo senão matam-me a corrida. O ano passado, cada infeliz que ganhava uma etapa ia de cana. Este ano, cada maravilha entre cobardes leva um pontapé no rabo. Porque tomaram isto ou aquilo. Ora, considerando que todos os infelizes que se obrigam a fazer a Volta à França não estarão, de todo, no domínio pleno do seu perfeito juízo, e dados os ambiciosos (muito ambiciosos) objectivos a que esta malta é submetida, agradeço que os senhores autoritários da Volta (que também tomam isto e aquilo só para se sentarem nas cadeiras do julgamento) pensem bem no que estão a fazer pela integridade da competição. Porque não é a França que é bonita. A corrida é que é.