quarta-feira, novembro 19, 2008
Desculpe, mas posso-Lhe roubar um instante só para responder a este inquérito?
Não é por nada, mas gostava de ter uma conversa com Deus. Gostava de Lhe perguntar se sempre existe o tal bosão de Higgs e gostava que Ele me dissesse se o Mourinho vai ganhar alguma coisa em Itália. Trago sempre comigo uma lista de ignorâncias para matar, caso O encontre no vão de escada ou no café da esquina: porque é que a Portugal Telecom tem o monopólio da televisão por cabo e porque é que eu tenho que pagar o IVA antes de receber o dinheiro da factura. Porque é que é tão difícil viver e porque é que Helena de Tróia caiu de amores por um adolescente cobardolas. O Pessoa sempre morreu virgem? E Beethoven, estava mesmo apaixonado pela irmã? E o Oráculo de Delfos, acertava alguma? E aquele enigmático fundador da civilização Maia, era um astronauta alienígena? Há grandes mistérios que me intrigam e que numa breve entrevista podiam ficar integralmente esclarecidos. Afinal, não se percebe a razão pura de Kant sem ter uma reunião com a Entidade Suprema, não é? Não se percebe nada de nada, para dizer a verdade. E mais a mais, para quem é eterno, o que são cinco minutos de palheta? Sempre ficava a saber quando é que o Benfica vai ganhar a Champions e se a Teoria das Cordas tem pernas para andar. Sempre ficava a conhecer as regras da criação e tudo o mais. Sempre podia dormir descansado, caso Ele me negasse a existência do inferno. Sempre acordava bem disposto, se o Gajo me respondesse a isto só: por que raio é que ando para aqui às voltas tontas, no cilindro de centrifugação da vida?