Já aqui escrevi sobre a minha Teoria do 1. Queria demonstrar na altura - como agora - que a perfeição artística não tem plural. Em certo sentido - o estético - podemos dizer que o produto do génio humano é de natureza igualitária. E que o caminho para este específico nirvana é o da repetição. O conceito de repetição como caminho para a perfeição agrada-me. Sou por isso um maluco das versões, dos covers e dos remixes todos: na literatura, nas artes plásticas, no cinema, no teatro e, claro, na música. Nesta longa série de covers que começo hoje a postar, está implícita uma epopeia da diversidade - é certo - mas sempre sobre um mesmo tema. Está em jogo a devida reverência perante o que é absolutamente glorioso. E a tentativa de subir a fasquia.
Acho, por exemplo, muito louvável para a comunidade académica que os Sex Pistols se tenham decidido, numa noite de abuso do cavalo, a apresentar ao mundo a sua versão da versão que Frank Sinatra teve, a dado momento, da sua vida. A interpretação é satírica mas, para mim, não é a sátira que vale. É o objecto que revive nela. Ele próprio um repetidor de outros enormes génios, ele mesmo génio por si mesmo, Sinatra vai assinar a fechadura desta rúbrica, daqui a uns meses valentes (segundo espero). E se as pistolinhas do sexo valeram por alguma coisa, na sua infame existência, foi só por causa desta boa ideia que tiveram: I did it, in a punk way.