Recuo para o Verão de 1998. Estou a viver em Santos-o-Velho, nas águas furtadas de um edifício que tem seguramente uns 250 anos e uma acústica doida. A rua chama-se da Silva. Cai a noite quente sobre os telhados silenciosos quando ponho um disquinho a tocar. The K&D Sessions. A partir desse momento, oiço-o 16 horas por dia, durante semanas. Só consigo ouvir isto.
Hoje, já não lhe ligo grande coisa. Nem toda a grande música é elástica sobre o tempo. Salva-se porém uma versão intensa e dramática de "Useless", que me deixa invariavelmente enebriado. O trabalho de percussão é de espantoso e germânico rigor técnico e os Depeche Mode nunca soaram tão bem na sua vidinha de banda média. Façam boa viagem.