domingo, fevereiro 10, 2013

As virtudes da violência.


I

Escapa-me o senso demente
Que ignora a utilidade da vara.
O que não falta para aí é gente
A precisar de apanhar na cara.

O infante que guincha e grita
Com birra, briga e banzé,
Precisa da paz que levita
Na inércia de um pontapé. 

E a velha que, esganiçada,
Ofende o silêncio da noite,
Muito melhor seria calada
Pelo favor de um açoite.

Era capaz de levar tudo a eito
(Cadeiras a voar na esplanada!),
O que há a fazer bem feito
É correr tudo à estalada.



II

Escapa-me o senso pacifista
Que esquece a virtude bruta.
A certa estupidez recordista 
Somente a violência dá luta.

A cura para o socialista
É um punho em soco fechado.
E o remédio para o islamita
É um tomahawk teleguiado.

Os progressos da medicina
E da civilização europeia
Não roubam mérito à vacina
De uma valente tareia.

Era capaz de levar tudo a eito
(Mão direita erguida num falo),
O que há para fazer bem feito
É correr tudo ao estalo.



III

Escapa-me o senso infantil
Que olvida a justeza do tabefe.
Há para aí muita gente vil
Precisada do carrasco-chefe.

O adolescente insolente,
Mais vaidoso que um jacinto,
Perde as peneiras de repente
Com a fivela de um cinto.

E sim, há que sovar o animal
Que convoca na net a milícia 
Para ir em nome da moral
Agredir a calçada e a polícia.

Era capaz, com todo o respeito
(Mão erguida numa caralhada),
De refazer Portugal, bem feito,
Com uma carga de porrada.