segunda-feira, julho 25, 2016

Os pretos e os copinhos de leite.

 
POR MÁRIO ALVES CANDOSO

O presidente do PNR disse que não fazia sentido a selecção portuguesa jogar a final do campeonato da Europa contra uma 'selecção africana'. José Pinto-Coelho referia-se, claro está, ao facto de a França ter muitos jogadores negros no seu plantel. E aproveita para aconselhar que comparemos esta selecção francesa com a de há trinta anos, para vermos que está em curso uma substituição populacional na Europa.

O argumento tem tantos buracos como o PNR, na sua fraquíssima e reiterada votação. Se a França tem muitos negros, o William Carvalho, o Éder e o Renato Sanchez devem ser azuis escuros, e o Nani, o Pepe e o João Mário são azuis claros. Eu é que sou daltónico...

Mas recordo-lhe que, em 1966, alguns dos melhores atletas que integravam a selecção nacional de futebol se chamavam Vicente, Hilário, Coluna e Eusébio. Só para dar um exemplo.

Esta é a diferença entre um racista - José Pinto-Coelho - e um anti-multiculturalista - eu, por exemplo. O que poderia estar mal era a substituição de pessoas com integração na nossa cultura por outras que não a sentem, não a entendem e até lutam contra ela (no caso europeu, o exemplo mais vulgar são sem dúvida os muçulmanos radicais). O que manifestamente não parece ser, nos dias de hoje, o caso dos negros que integram a selecção francesa - cantam todos o hino, já agora - nem muito menos os da portuguesa.

Que fique bem claro. Não sou favorável à imigração massiva de estrangeiros para a Europa. Não sou favorável á tomada do poder por indivíduos que não têm nada a ver com a história e as etnias dominantes dos territórios onde vivem - o exemplo de que me lembro imediatamente é o dos brancos na África do Sul, durante os tempos do apartheid.

Mas não saber identificar o problema é o maior pecado de um político. E como não tenho interesse nenhum em que o PNR cresça, aconselho José Pinto-Coelho a continuar assim como é. Ou a fazer uma aliança com o outro extremo, o daqueles que acham que todos os 'refugiados' são bem-vindos. Infelizmente, tenho de viver com os tristes defensores de ambas as teses.