Na etapa de ontem, a mais difícil do Giro até ao momento, João Almeida perdeu tempo para o seu mais directo adversário, Wilco Kelderman, mas, ao conservar a liderança da prova num esforço solitário e hercúleo pela cruel subida de Piancavallo acima, deixando gente consagrada como Nibali e Majka e Bilbau para trás, provou em definitivo que é um voltista e que, nos próximos anos, vamos ter um português a bater-se com os melhores profissionais do circuito internacional de ciclismo. Se o João tivesse nem que fosse um só companheiro de equipa com ele nesta derradeira subida, as coisas teriam sido muito diferentes e eu estaria aqui a prever uma vitória portuguesa no Giro. Mas a Quick Step, sendo a equipa mais vitoriosa da primeira divisão do ciclismo mundial, não está programada para ganhar competições de 3 semanas e não trouxe escaladores que acompanhem a pedalada necessária, até porque ninguém esperava que o puto de 22 anos das Caldas da Rainha tivesse pernas e condição anímica para liderar a prova, à entrada para o seu último terço.