Ainda muito recentemente, um infeliz e ignorante personagem que considerava com amizade e que neste momento nem sei como considerar e que, na circunstância, bebia um copo em minha casa, expressava grande incredulidade por eu falar das ameaças à liberdade de expressão. Que não existiam. Que não se tinha apercebido disso. Que essas restrições eram fruto da minha imaginação radical.
Podia estar aqui dias e dias, semanas e semanas em frente ao computador a coligir exemplos do fascismo sobre a opinião e o livre arbÃtrio que actualmente sofrem na pele - e na voz - milhões de pessoas só na vertente Ocidental do mundo e que, aliás, enumero aqui no blog constantemente, como os meus queridos e raros leitores sabem bem (eu próprio já fui censurado pelo Facebook várias vezes e foi essa uma das razões pelas quais decidi fechar a conta).
Mas nem de propósito, logo no dia seguinte a essa lamentável noite, que foi anteontem, postei um vÃdeo de uma reunião de pais nos EUA em que uma mãe protestava com a direcção da escola sobre a obrigação das crianças usarem máscaras, obrigação que durava já há um ano e que vai contra qualquer estudo cientÃfico ou tese racional que se possa encontrar na literatura adstrita ao assunto. Ontem, o vÃdeo já tinha sido obliterado pelo YouTube. Portanto: uma mãe que se preocupa com a saúde e a qualidade de vida do seu filho no espaço escolar é matéria de censura (a senhora não ofendia ninguém nem dizia palavrões nem era eleitora do Ventura, pelo que o critério censório só pode ser esse). A tal censura que não existe. E se esta preocupação fundamental, que vem antes da ideologia, que vem antes da polÃtica, já é censurada, é fácil perceber o que se está a passar com a expressão de ideias e valores menos viscerais. É fácil perceber que a cada dia que passa, fica mais apertada a mordaça.
Quero dizer, é fácil perceber para quem tem dois dedos de testa, dois olhos bons e não está anestesiado pela propaganda e mergulhado até aos cabelos no fétido e obscurantista e totalitário lodo neo-marxista-woke que inundou as dimensões mediática, corporativa, social e polÃtica da existência humana no século XXI.
E é o que eu digo: quando estes cegos, quando estes ingénuos barra colaboracionistas caÃrem na realidade, vai ser tarde demais. O problema é que não vai ser tarde demais só para eles. Isso seria apenas justo. Vai ser tarde demais para todos nós.