sábado, abril 17, 2021

Fobias de um introvertido.

Não gosto que estranhos me dirijam a palavra. Não gosto que me toquem pessoas que não conheço. Não gosto de conversa de chacha, boletins meteorológicos de ocasião, tiradas súbitas e metediças sobre o Benfica ou o Sporting ou o diabo que os carregue. Não gosto que os vizinhos me incomodem com anedotas ou preocupações de condomínio. Só gosto de quem gosto, só gosto de conversar com pessoas que o sabem fazer e não procuro ser simpático gratuitamente. Não sou um humanista e não vou certamente fazer um amigo em cada esquina. Nem em Grândola nem em Telheiras nem em lado nenhum. Tenho os amigos de que preciso, conheço pessoas suficientes (talvez até pessoas demais),  e não encontro prazer ou alegria no espontâneo contacto com gente que me é alienígena. Dada a condição humana, as probabilidades de um estranho ser um absoluto imbecil são enormes. São devastadoras.

E o pior que pode acontecer a um introvertido como eu é quando, na circunstância em que um gajo deseja apenas ser invisível, se é apanhado no elevador por um parvalhão qualquer que decide meter conversa. É um pesadelo claustrofóbico sem escape possível. É simplesmente pavoroso. E Matt Walsh, estrela do Daily Wire e um dos meus pundits preferidos, concorda comigo:



Porque Deus é grande e não dorme, vivo num prédio sem elevador.