Para os adeptos de ciclismo de todo o mundo, ontem foi um dia inesquecível.
A 30 kms da linha de chegada da oitava etapa do Tour de France, Tadej Pogačar decidiu de repente que o melhor era arrumar a questão da camisola amarela na primeira semana da corrida, deu gás à motorizada e foi-se embora.
Para além de uma certa tarde mágica interpretada por Chris Froome no Giro de Itália de 2018, não tenho memória de uma demonstração de superioridade assim esmagadora no ciclismo profissional e sigo com atenção e entusiasmo a modalidade há bem mais de 20 anos.
Pogačar é um fenómeno ímpar. E adora escrever História. Depois de, no ano passado, ter feito a maldade que fez ao seu compatriota Primoz Roglic, numa penúltima etapa do Tour que vai ecoar pela eternidade a dentro, este ano optou por resolver as coisas bem mais cedo com outra performance absolutamente olímpica.
É verdade que a lista de adversários à altura da situação é muito curtinha, porque Roglic e Thomas foram vítimas de quedas que comprometeram em definitivo a sua capacidade atlética e porque os aspirantes que restam ao pódio em Paris são seres humanos sem pernas para acompanhar extraterrestres. Mas é mais que evidente que Tadej é hoje, de longe e com apenas 22 anos, o melhor ciclista do universo conhecido. E do desconhecido, também.
Em certo sentido, o Tour acabou hoje. Mas acabou com um bang. Uma explosão de coragem, força e talento que vai ficar gravada em caracteres platinados nos anais do desporto de alta competição.