quinta-feira, julho 01, 2021

Uma explosão de ironia, em Nova Iorque.

As eleições para o novo Mayor de Nova Iorque não estão a correr lá muito bem.

Na madrugada de ontem, Eric Adams, o favorito das sondagens, liderava confortavelmente a contagem dos votos até que, de repente... perdeu a sua substancial vantagem. Não sei se a circunstância vos parece familiar, mas este fenómeno ocorreu de forma muito parecida na madrugada de 3 de Novembro de 2020.

A primeira ironia aqui é que Eric Adams, como os seus mais directos concorrentes na eleição, é um democrata dos sete costados (não há um republicano no universo que pudesse somar mais que mil votos na grande maçã). E é lindo de ver um democrata dos sete costados protestar contra a fraude eleitoral. E é lindo de ver os democratas chamarem-se uns aos outros conspiracionistas-fascistas (desde o ano passado que qualquer pessoa que coloque em dúvida resultados eleitorais, num país que na verdade tem historicamente uma imensa dificuldade em contar votos, é conspiracionista-fascista).




A verdade é que o conselho eleitoral de Nova Iorque, como acontece em muitas cidades americanas, é de gargalhada. A incompetência reina, galopante. Os delegados fumam erva enquanto contam votos, acreditem ou não. Os sistemas de contagem são facilmente adulterados por erro humano ou informático e corrompidos por intenção maliciosa.

E neste caso, a intenção maliciosa parece presidir ao desastre, já que Eric Adams, apesar de ser bastante esquerdista em quase todos os tópicos, é um candidato que defende a lei e a ordem e não acredita em cortar fundos financeiros à polícia, ou aboli-la de todo, o que é um pecado grande para o establishment democrata nova iorquino, que acha que defender a polícia será necessariamente sinónimo de defender o pensamento ideológico de Adolf Hitler.

Ora a outra e sublime ironia aqui é esta: foi precisamente por ser ter apresentado como um candidato da lei e da ordem que Adams estava prestes a sair vencedor destas eleições, porque Nova Iorque é hoje um apocalítico esgoto de crime, violência, desleixo e anarquia generalizada.

Em conclusão: what goes around, comes around.