As capacidades vocais do menino não são, convenhamos, o seu forte, mas como instrumentista é capaz de fazer vibrar os seguintes utensílios: bateria, guitarra, baixo, teclados, trombone, violoncelo e violino.
Deve ser por isso que não precisa de mais ninguém.
O disco epónimo, de 2009, é o primeiro de cinco já editados, e é o que escolho só por ser o primeiro, porque não há nada que saia do engenho de Lerner que não seja agradável aos sentidos e criativamente poderoso. Apesar do que digo sobre a sonoridade rude dos trabalhos de Lerner, este álbum foi produzido por Chris Walla, guitarrista dos Death Cab For Cutie, o que constitui um cartão de visita que não é nada despiciendo.
A aparente simplicidade da música de Lerner é um bálsamo encantador. Os temas soam purinhos e delicados, amáveis e apelativos como um convite para o paraíso ou uma boleia para as Bermudas. Ouvimos estas músicas e sabemos que estamos bem entregues. Sabemos que do outro lado está um gajo com imaginação e saber técnico para dar e vender.
Telekinesis. A música despida de tudo o que não interessa à música.
segunda-feira, dezembro 06, 2021
A discoteca da minha vida #107: "Telekinesis!", Telekinesis!
Michael Benjamin Lerner. Este rapaz de Seattle, responsável singular pela banda de um génio só conhecida por Telekinesis! é um nerd abençoado por Deus e talentoso por natureza. Faz rock despretensioso e entretido, romântico, aqui e ali; irreverente na maior parte das vezes; multidimensional, sempre; que parece que foi gravado numa garagem inóspita, mas que bomba imenso porque o que interessa aqui, mais que a forma, é o conteúdo. E o conteúdo não tem nada que se lhe aponte. Pelo contrário.