segunda-feira, março 21, 2022

O GT7 debaixo de fogo.


As coisas não estão a correr nada bem para a Polyphony, neste primeiro mês de GT7. Por causa de um erro de código na actualização 1.07, a empresa teve que suspender o servidor e mesmo aqueles que adquiriram a versão física do jogo ficaram sem o poder jogar durante mais de 24 horas.

Ainda por cima, esta actualização visava a redução dos prémios monetários em certas corridas, despertando a ira dos gamers, que acusam a Polyphony e a Sony de ganância pura e dura, já que a relação entre o alto preço dos carros e os parcimoniosos prémios dos desafios está nitidamente pensada para conduzir os utilizadores às microtransacções.

Num jogo que já não é barato à partida, parece de facto excessivo que os carros tenham que ser adquiridos através da compra de vouchers que ainda por cima são caríssimos. Até porque um voucher de 45 euros não serve sequer para comprar apenas um dos muitos automóveis de preço astronómico que o jogo integra. Isto não faz sentido.

Pela minha parte, nunca farei qualquer microtransacção para adquirir seja o que for neste jogo. E não estou sozinho, claro.

É verdade que o modo de carreira é curto, neste momento, mas para sermos justos com a Polyphony, devemos partir do princípio que o Gran Turismo 7 é um jogo de ciclo de vida longo. A empresa vai fazer actualizações periódicas com novos conteúdos que vão permitir mais receitas. E a aquisição dos automóveis não é tão difícil como isso: já tenho para cima de cem modelos coleccionados, em quatrocentos e tal possíveis, e ainda agora comecei a jogar.

Neste sentido, e mesmo considerando que a vontade de aumentar os lucros através das microtransacções é evidente, acho que este assunto está a ser excessivamente dramatizado pela comunidade. É perfeitamente possível tirar bom partido do jogo sem gastar mais dinheiro. É só uma questão de manter a calma. E isso não é novo neste franchise de simulação de corridas. Com excepção do GT Sport, o Gran Turismo sempre exigiu persistência e paciência para desbloquear a totalidade dos seus conteúdos.

E enquanto a malta faz crashar a net com protestos e acusações, eu vou somando horas de puro divertimento. Numa das últimas corridas do modo carreira, tenho três voltas para passar de vigésimo a primeiro, no lendário traçado de La Sarthe. Estou outra vez ao volante do Porsche 911 RSR (991) GT3, que soma 650 PP (porque tem pneus de corrida macios), num desafio que recomenda 700 PP.

Como já fiz centenas de horas de corridas em Le Mans, a já de si fraquinha inteligência artificial não tem hipótese nenhuma e cumpro o desafio em duas voltas apenas. Mas são duas voltas muitíssimo divertidas. Porque o GT7 pode não ser o melhor simulador da história universal dos simuladores, mas apenas como vídeojogo, é brutal.