Como Ptolomeu em Alexandria.
Um pardal tagarela, tagarela.
A Primavera à conversa.
Tenho saudades do tempo
Em que não era vivo.
Tenho saudades do tempo
Em que os poetas
Morriam de fome.
O primeiro e o último problema da existência
É o tempo.
Vivi a mais banal das vidas,
Vestido de pirata.
A arte do haiku
Não está nos versos,
Mas no que é versado.
Ao largo, nada.
Um haiku que se escreve
Sozinho.
Parece impossível mas as flores
estão a sorrir.
Procuro desde sempre uma verdade
De que morrerei ignorante.
Sou uma máquina de debitar
Haikus de má indústria.
Não preciso de um doutoramento em astrofísica
Para perceber que o Sol
Reina.
Apesar de tudo,
Ainda há turistas.
Deus lhes abençoe a inocência.
Este moleskine é muito pequeno
Para a minha vontade de versos.
Entre todos os estados da bioquímica,
Triunfa a solidão.
Deus tem sido misericordioso comigo.
Até quando?