domingo, maio 29, 2022

Ninguém está à espera que os genocidas se incriminem, pois não?

Pelo que reporta hoje o Público e o Observador, percebemos que a Direcção Geral de Saúde não consegue, ou não quer, explicar porque é que a mortalidade em Portugal, no ano de 2020, apresenta os valores inflaccionados que apresenta e que não podem ser justificados apenas pela pandemia.


Dos seis picos de mortalidade em 2020, dois são atribuídos ao Covid-19, sendo certo que a própria senhora dona Graça Freitas, em Setembro desse ano, assumiu que esses números se referiam a pessoas que morreram com Covid e não de Covid:



E o aumento de 14% de óbitos face à média dos seis anos anteriores, tem o virús chinês apenas como quarta causa de morte.

Dos 4 picos não atribuídos ao Covid, 3 são justificados pelo frio e pelo calor. A DGS deixa até por esclarecer, com a descontração científica que caracteriza o seu modus operandi, os motivos de um sexto pico de mortalidade, como se nada fosse. Nem é preciso procurar a razão da morte de uns milhares de infelizes. Temos mais que fazer.

Mas como também fez frio e calor entre 2014 e 2019, até as explicações que são prestadas ao público são anedóticas, para não dizer insultuosas. Tanto mais que o Inverno de 2020 não foi especialmente frio. Tanto mais que o Verão de 2020, não sendo também especialmente quente, registou um excesso de mortalidade por patologias não associadas ao calor, como doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, do aparelho urinário e neoplasias.

É porém e apenas natural que a DGS não esclareça porque raio é que morreu tanta gente, já que os responsáveis pelo excesso de óbitos residem precisamente e em boa parte nesta infeliz instituição, que com as medidas de combate à pandemia que desgraçada e desastradamente implementou acabou por criar uma catástrofe humanitária com impacto tremendo, ainda por mensurar objectivamente, na saúde dos portugueses e na operacionalidade dos serviços clínicos. E ninguém de bom senso estaria à espera que os burocratas que assassinaram milhares de pessoas viessem agora culpar-se do acto genocida, não é?

Esse trabalho - o da criminalização dos responsáveis pelas atrocidades cometidas em nome da saúde pública nos últimos 2 ou 3 anos - devia ser feito pela justiça. Mas isso seria expectável num estado de direito funcional, com regular funcionamento das instituições. Não é, claramente, o caso de Portugal. Nem é, evidentemente, o caso de qualquer país da União Europeia, pelo que os assassinos como a senhora dona Graça Freitas vão escapar ao justo castigo. A senhora dona Graça Freitas, no momento da madrugada em que estou a escrever estas linhas, até deve estar a sonhar com um ministério. Ou com a presidência da República. Ou com um cargo de direcção na Organização Mundial de Saúde.

Na notícia do Observador choca também a brutal hipocrisia do bastonário da ordem dos médicos, Miguel Guimarães, que tem a lata espalhafatosa de dizer isto:

"(O excesso de mortalidade) deve-se ao facto de em 2020 ter havido milhões de consultas e de exames complementares de diagnóstico por fazer (...) e a pandemia criou um excesso de dificuldade de acesso aos cuidados clínicos, (...) num ano negro para a saúde."

Bom Deus. Mas quando, durante toda a duração da pandemia, é que alguém desta organização manhosa e cartelista veio a público, nem que fosse por uma vez, criticar as alucinantes e despóticas e profundamente erradas políticas desenvolvidas com o objectivo de contrariar a progressão pandémica? Se há entidade fora do âmbito do Estado que foi cúmplice em todo o terrível processo é precisamente a Ordem dos Médicos.

A senhora dona Graça Freitas e o senhor Miguel Guimarães têm muito em comum. São médicos. Não têm vergonha nenhuma na cara. Não têm um mínimo respeito pelos mortos. Nem pelos vivos. Sabem que são intocáveis. Julgam-se superiores à reles plebe, como só os médicos conseguem acreditar que são.

Quando estava a ler a notícia que originou este post, lembrei-me dos aplausos com que os imbecis por todo o lado saudavam os profissionais de saúde, à hora de jantar, nos primeiros meses da pandemia. Nessa altura a coisa irritava-me porque não me parece que qualquer categoria de profissionais deva ser louvada por fazer apenas o seu trabalho. Sabemos hoje que nem isso fizeram. Sabemos hoje que os imbecis aplaudiam toda uma multidão de médicos e enfermeiros que deixaram morrer gente em quantidade recordista, enquanto se armavam em vítimas, ou heróis, o que nos tempos que correm é precisamente a mesma coisa.

A estupidez sem limites, a irresponsabilidade desmedida, a incompetência técnica, a ignorância de tudo, o medo como mercadoria mediática, o pânico descontrolado, a tirania saloia e a obediência bovina embrulharam-se num desastre perfeito. E ninguém tem culpa. E ninguém será punido. E não há nada que se possa fazer em relação a isto. É triste. É dramático. É revoltante. É de vomitar até à erosão das entranhas. Mas é assim.