sexta-feira, setembro 09, 2022

Almeida ataca, Remco defende-se.

Ontem, numa das mais animadas e interessantes etapas desta Vuelta, João Almeida atacou e atacou de longe, respeitando uma boa iniciativa táctica da sua equipa, que finalmente se mostrou interessada em trabalhar para ele. Com o apoio de Ivo Oliveira (o outro tuga da UAE que está presente na prova) primeiro e, depois, contando com uma prestação valente e generosa do seu colega Marc Soler, o ciclista português, que já tinha subido um lugar na classificação geral por desistência de Primož Roglič (que foi vítima de uma violenta queda no fim da etapa 16, quando tentava ganhar algum tempo a Remco Evenepoel), conseguiu resgatar cerca de 50 segundos a Carlos Rodríguez, o seu alvo imediato para subir ao top 5 e que foi também sinistrado por um malho brutal no início desta etapa, sofrendo a bom sofrer para conseguir terminá-la com o mínimo de tempo perdido possível.

João Almeida corre de trás para em frente em todos os sentidos: nas subidas, onde começa sempre atrasado e vai depois, ao seu ritmo, ultrapassando os adversários; como nos contra-relógios, onde a sua média horária sobe nos últimos quilómetros, como na classificação geral, que geralmente melhora quando as voltas de 3 semanas entram no seu último terço. Neste momento é um dos ciclistas em melhor forma no já exausto pelotão.

Na luta pelos lugares cimeiros, Enric Mas, que tem feito uma prova surpreendentemente atacante, deu tudo o que pode dar para apertar com Remco, mas o belga fez mais do que resistir, acabando por vencer a etapa e, contando com a bonificação de ter chegado em primeiro, somar mais 14 segundos à vantagem de quase dois minutos que já trazia sobre o rival espanhol.

As 2 etapas de competição que faltam (a de domingo é tradicionalmente neutralizada até ao momento em que os sprinters disputam as últimas centenas de metros na Gran Via madrilena) não permitem no entanto total tranquilidade a Remco. A de hoje, se for atacada como a de ontem, pode ser interessante, com uma subida de segunda categoria a 40 quilómetros do fim que pode proporcionar uma descida vertiginosa até à meta. E a etapa de sábado, a mais complicada desta última semana da prova, com cinco subidas, três delas de primeira categoria, e chegada em alto, decidirá tudo em definitivo. Mas o belga tem tudo para sair de Espanha com o seu primeiro título de voltista.

Almeida, dada a fragilizada condição física de Rodríguez, pode até subir a Quinto. Mas vai precisar de correr como correu ontem em pelo menos uma destas duas etapas. 

Seja como for, o final desta animada e disputada Vuelta promete mais competição rasgadinha.