João Almeida corre de trás para em frente em todos os sentidos: nas subidas, onde começa sempre atrasado e vai depois, ao seu ritmo, ultrapassando os adversários; como nos contra-relógios, onde a sua média horária sobe nos últimos quilómetros, como na classificação geral, que geralmente melhora quando as voltas de 3 semanas entram no seu último terço. Neste momento é um dos ciclistas em melhor forma no já exausto pelotão.
Na luta pelos lugares cimeiros, Enric Mas, que tem feito uma prova surpreendentemente atacante, deu tudo o que pode dar para apertar com Remco, mas o belga fez mais do que resistir, acabando por vencer a etapa e, contando com a bonificação de ter chegado em primeiro, somar mais 14 segundos à vantagem de quase dois minutos que já trazia sobre o rival espanhol.
As 2 etapas de competição que faltam (a de domingo é tradicionalmente neutralizada até ao momento em que os sprinters disputam as últimas centenas de metros na Gran Via madrilena) não permitem no entanto total tranquilidade a Remco. A de hoje, se for atacada como a de ontem, pode ser interessante, com uma subida de segunda categoria a 40 quilómetros do fim que pode proporcionar uma descida vertiginosa até à meta. E a etapa de sábado, a mais complicada desta última semana da prova, com cinco subidas, três delas de primeira categoria, e chegada em alto, decidirá tudo em definitivo. Mas o belga tem tudo para sair de Espanha com o seu primeiro título de voltista.
Almeida, dada a fragilizada condição física de Rodríguez, pode até subir a Quinto. Mas vai precisar de correr como correu ontem em pelo menos uma destas duas etapas.
Seja como for, o final desta animada e disputada Vuelta promete mais competição rasgadinha.