Reparem bem neste boneco pavoroso:
Do lado esquerdo, o pai Peterson, que já foi o pensador de proa do conservadorismo ocidental e é hoje não mais do que uma mascote do Daily Wire. Do lado direito a filha Peterson, que entrevista o pai enquanto exibe a magnífica plástica que fez às beiças.
Quem seguiu Jordan desde 2017, como este vosso criado, e assistiu ao seu apogeu intelectual e discursivo, isto doí fundo na alma. Poça.
Desde que fez o contrato milionário com a plataforma de Ben Shapiro e Jeremmy Boeiring, que a princípio até parecia ser uma ideia feliz, o psicólogo canadiano tem vindo a afundar-se completamente na sua bolha de fama e fortuna. O ContraCultura e o Blogville já documentaram algumas circustâncias desse naufrágio.
A imagem em cima é tirada do vídeo em baixo, onde Jordan comenta a sua recente derrota judicial no draconiano caso que o opõe à soviética Ordem de Psicólogos de Ontario, que lhe quer tirar a licença clínica por causa de coisas que o autor de "12 Rules For Life" disse nas redes sociais e que os apparatchiks do regime não gostaram de ouvir. A posição da ordem é vil, claro, e o argumentário de Jordan é correcto, sim, mas toda a sua pose (e indumentária) é estranha e constrangedora. E, mais uma vez, enfiou-se num beco sem saída: o aparelho judicial canadiano, braço armado da tirania regimental de Trudeau, vai fazer-lhe a vida negra, como ele devia muito bem saber, se ainda fosse um homem lúcido.
A única solução seria a de desdenhar a Ordem de Ontario, denunciar o fascismo e queimar a licença em fogueira pública (não precisa dela para nada, neste momento da sua vida, nem vai precisar no futuro). Mas Jordan, como tem feito nos últimos dois anos, optou por ir a jogo no casino viciado da tirania federal do Canadá.
O processo só vai piorar para ele, apesar da fanfarronice que preenche boa parte do clip, e é por isso que a conversa soa a falso. É por isso que o Jordan B. Peterson dos dias que correm até dá pena.