domingo, maio 25, 2025

É simples e não é.

Aprendi, talvez tarde demais para ir a tempo de ser salvo, que a maior liberdade a que podemos aspirar no percurso da existência é a de cumprir com a verdade, invariavelmente.

A verdade no sentido de dizeres sempre e exactamente aquilo que pensas, mas também a verdade como diametral oposição à transformação que todos fazemos sobre a realidade do que experimentamos e de quem somos, se não objectivamente, de nós para nós. E de nós para os outros.

Mas para evitar consistentemente o recurso à falácia, há coisas que temos que fazer primeiro e a primeira dessas condições prévias é não enfiarmos a vida em situações que nos conduzem depois, por embaraço ou vilania, por sujeição material ou simples conformismo, à inevitabilidade da trapaça.

Viver sem mentir é muito simples, mas não é assim tão simples como isso chegar a esse estádio. A pré-condição determinante é que não cometas pecados, porque são os pecados, pequenos ou grandes, que te levam à contingência das mentiras, grandes ou pequenas.

Quero eu dizer: Se não fizeres merda, vais mentir a alguém porquê?

Se fores fiel ao que no teu peito visceralmente vive e vibra (e esquece agora o teu cérebro, que é pequeno para esta conversa), e que te indica claramente o que é certo e bom e belo, não precisas de te desculpar, não precisas de te defender, não precisas de te sujeitar.

És livre.

E se não dependeres de ninguém, para poderes levar a sério o primeiro dom que Deus te deu - o do livre arbítrio, melhor.

Porque só pela perseguição da virtude é possível viver sem mentir, não é de todo por acaso que Cristo tantas vezes nos disse que o pecado (mais exactamente: o erro) reside no diletante uso da palavra e que será pela verdade que seremos redimidos.

Como sempre, a mais clara leitura do Novo Testamento revela-se nas entrelinhas.