Sou um fanático do Eclesiastes:
Palavras do Pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
Vaidade de vaidades, diz o Pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre.
Também o sol se levanta e o sol se põe, e volta ao seu lugar, e aí torna a nascer.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e sobre a sua volta torna o vento.
Todos os rios vão para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para lá tendem a voltar a correr.
Todas as coisas são trabalhosas; o homem não pode exprimir. Os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que foi, isso que há de ser; e o que se fez, isso é o que se há de fazer; de modo que nada há de novo debaixo do sol.
Eclesiastes 1:9
Ainda assim, o proveito que tenho do meu trabalho é a vaidade, que Eclesiastes diz espúria. A vaidade de cumprir a missão a que me dediquei em 2022: relegar para segundo plano o meu ofício de publicitário, sacrificar rendimentos e a vontade de somar confortos materiais, e entregar-me à Verdade que sinto transcendente e ao combate em nome dela.
E estou a cumpri-la e tiro prazer, sem bem que volátil e fútil, bem sei, de olhar para esta frente de loja (que não vende nada a ninguém a não ser a minha convicção):
É bonita e é fiel ao que sei e sinto. E não tem botões e banners e advertências por isto ou por aquilo, que irritam e incomodam o leitor. E, por cima de tudo, é alheia a interesses e agendas que não sejam os meus interesses e as minhas agendas.
É uma prova de que sou livre.