Os cidadãos de Nova Iorque elegeram na terça-feira o seu primeiro Mayor declaradamente socialista, coroando Zohran Mamdani, islamita nascido no Uganda, como sucessor de Eric Adams. A disputa nem foi particularmente renhida, com Mamdani a superar Andrew Cuomo por cerca de oito pontos percentuais. O ex-governador do estado de Nova Iorque sofreu uma derrota humilhante, apesar dos seus gastos de campanha e de super PACs terem ultrapassado os 65 milhões de dólares.
O jovem de 34 anos classificou a sua vitória como a queda de uma dinastia política e uma mudança sísmica na política da maior cidade dos Estados Unidos.
Entre um socialista muçulmano e um neo-liberal do estabelecimento democrata, infame por promover e encobrir o assassinato em série de velhinhos durante a pandemia, os nova-iorquinos escolheram mostrar o dedo do meio ao sistema.
Mamdani centrou a sua campanha em torno de questões básicas, que preocupam os cidadãos comuns: o custo de vida e o caótico estado do sistema de transportes públicos da cidade, por exemplo. Não fez campanha por países estrangeiros ou interesses especiais; o seu movimento girava exclusivamente em torno das pessoas que vivem na cidade.
Que não haja equívocos: as ideias e as convicções do novo Mayor de Nova Iorque não concorrem de todo para o manifesto editorial do ContraCultura e a Grande Maçã não precisava de mais socialismo (o que teve até aqui arruinou-a) e muito menos de uma plataforma islamita aos comandos da cidade brutalmente alvejada a 11 de Setembro de 2001.
Mais: um candidato apoiado por George Soros dificilmente se pode apresentar como anti-sistema e Mandani tem sem qualquer dúvida uma costela globalista e é, muito provavelmente, um agente do movimento de destruição da civilização ocidental protagonizado pela elites dos estabelecimento ocidental.
Dito isto, a sua eleição dá que pensar e reuniu vários factos curiosos. Por exemplo: Mamdani recolheu, por incrível que possa parecer, uma boa parte do voto judeu e até da ortodoxia semita da cidade.
Outro exemplo: a eleição inspirou 2 milhões de nova-iorquinos a votar, a maior participação desde 1969.
A vitória do radical de esquerda deixou o estabelecimento neoconservador à beira de um ataque de nervos, até porque o partido republicano sofreu uma pesada derrota na noite eleitoral de terça-feira em muitas outras frentes:
BREAKING DEMOCRATS BLOWOUT!
— Brian Krassenstein (@krassenstein) November 5, 2025
- Mamdani Wins NYC Mayor
- Democrats have SWEPT Virginia. Governor, lieutenant governor, and the attorney general
- Democrat Mikie Sherrill won NJ Governor.
- Pennsylvania will retain all 3 Democratic state Supreme Court justices. pic.twitter.com/rmDfd4p3MQ
Considerando que Donald Trump chegou ao ponto de recomendar o voto em Andrew Cuomo, que não há muito tempo atrás ameaçou a sua integridade física se o magnata de Queens pisasse o território da cidade, o resultado de terça-feira é também uma derrota da Casa Branca.
Mas os republicanos deviam cair na realidade.
Mamdani não foi eleito presidente da câmara da histórica cidade americana que conhecemos como "Nova Iorque", porque essa cidade já não existe.
O que existe é um território infernal, de orgânica tribal, onde vivem quase exclusivamente pessoas tão pobres que dali não conseguem escapar e pessoas tão ricas que conseguem insuflar uma bolha suficientemente robusta para não serem afectadas pela ruína, pelo crime, pelo constante conflito social e étnico, pela corrupção e podridão que infesta a Maçã.
Devido à imigração massiva, permitida intencionalmente de forma a substituir a população local, Nova Iorque tornou-se uma metrópole do terceiro mundo, e não foram propriamente os americanos que elegeram Mamdani, foram os estrangeiros.
O próprio candidato não discursou em campanha para os americanos. Discursou para os vários povos que na verdade constituem o seu eleitorado:
MAMDANI: "I speak of Yemeni bodega owners and Mexican abuelas!"
— Breaking911 (@Breaking911) November 5, 2025
"Senegalese taxi drivers and Uzbek nurses!"
"Trinidadian line cooks and Ethiopian aunties!" pic.twitter.com/0aw4946tH0
Neste sentido, a sua eleição não é o princípio do fim para Nova Iorque — é uma certidão de óbito. E mais um argumento, bem eloquente, de que a federação americana é insustentável e que um qualquer processo de secessão será inevitável, mais cedo ou mais tarde.
Por outro lado, a Casa Branca e a pandilha mafiosa de neocons de Washington deviam aprender com o que aconteceu em Nova Iorque, até porque:
É mais que nítido que o rumo que a actual presidência está a tomar, em clara negação do seu mandato eleitoral, vai trazer dissabores aos republicanos e as eleições intercalares são já a seguir. Se insistirem nas políticas "Israel primeiro", se continuarem a abrir guerras, literais ou comerciais, como se não houvesse amanhã, se continuarem a ignorar as prioridades dos cidadãos, sacrificando esse primeiro dever em nome de agendas que cumprem apenas os interesses das grandes organizações criminosas que já há décadas governam de facto o país, aquele que podia ter sido um momento de viragem na história dos EUA, a eleição de Trump precisamente há um ano atrás, não será mais que um epifenómeno e poderá até levar à morte do Partido Republicano, como o conhecemos. A guerra civil em curso entre as facções populista e neoconservadora do partido, que não é chamada à conversa deste artigo, não augura nada de bom para o futuro.
I guess bombing Iran, not releasing the Epstein Files, and blacklisting everyone who criticizes Israel doesn't win elections.
— Evan Kilgore 🇺🇸 (@EvanAKilgore) November 5, 2025
To avoid a repeat of last night’s shellacking in the 2026 midterms, Republicans should:
— Thomas Massie (@RepThomasMassie) November 5, 2025
quit covering for pedophiles
put America before Israel
put farmers before corporations
quit funding wars abroad
reduce spending to control inflation
quit attacking independent voices
Acresce que a vitória de Zohran Mamdani é também preocupante para a evolução da esquerda americana. Este triunfo, sensacional e lapidar, dará aos mais radicais dos democratas razões substantivas para permanecerem fieis àquela que tem sido a cartilha das últimas décadas, assente na imigração desregrada, no wokismo radical e na revisão e actualização dos ensinamentos de Karl Marx.
O novo Mayor de Nova Iorque provou que a substituição demográfica funciona lindamente como trunfo eleitoral. E este argumento é irresistível para o estabelecimento democrata, sempre disposto a qualquer manobra, por mais batoteira, que garanta o poder.
Cantava Frank Sinatra, a propósito da cidade que não dorme:
If you can make it there, you can make it anywhere.
A facção radical do Partido Democrata deve estar por esta altura a pensar em transformar este verso num slogan.

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