sábado, abril 12, 2008

Esses deprimentes e aborrecidos lamentos têm mesmo que acabar.


Esta é a hora do grande bardo. Direitinho das ruelas de Stratford-upon-Avon para a avenida da eternidade, o falecido senhor Shakespeare rebentou com a escala da glória e estes versos, retirados de "Much Ado about Nothing", são dos meus preferidos, não só porque me agrada o tom paternalista e reaccionário, mas também porque é um texto que tem muita música pop lá dentro. Senão reparem:

Sigh no more, ladies, sigh nor more;
Men were deceivers ever;
One foot in sea and one on shore,
To one thing constant never;
Then sigh not so,
But let them go,
And be you blithe and bonny;
Converting all your sounds of woe
Into. Hey nonny, nonny.
Sing no more ditties, sing no mo,
Or dumps so dull and heavy;
The fraud of men was ever so,
Since summer first was leavy.
Then sigh not so,
But let them go,
And be you blithe and bonny,
Converting all your sounds of woe
Into. Hey, nonny, nonny.


Quando comecei a brincar com o Garage Band, veio-me à ideia criar um tema que acompanhasse estas sábias palavras, mas numa versão em Português. Trata-se, repito, de uma versão e não de uma tradução, tarefa que transcende largamente as minhas capacidades.

Não, senhoras, não suspirem mais;
Os homens sempre foram diletantes;
Um pé no mar, outro no cais,
Nunca por coisa alguma constantes.
Chega enfim de suspirar,
É deixá-los andar
E manter a graça no entretém;
Convertendo os vossos sons de pasmar
Num sim querido, tudo bem.
Nem mais cantem esse lamento;
Tão deprimente e aborrecido;
O homem sempre foi fraudulento
Desde que o Verão primou florido.
Chega enfim de suspirar,
É deixá-los andar
E aproveitar o vai e vem;
Convertendo esses sons de arrepiar
Num sim querido, tudo bem.


Por fim, o tema musical para a versão em português surgiu quando consegui meter mão nuns loops porreirinhos de cravo, que, aqui entre nós, era o que a coisa estava mesmo a pedir. Lamento, mas teve que entrar a cana rachada outra vez.
Espero que me compreendam a paixão pelo velho William e já agora, que não sejam sensíveis à ousadia.