Toda a gente que me conhece sabe que, se há uma danada característica que me distingue dos correntes mortais, é a maneira como durmo. Ou nadinha, ou muitíssimo e geralmente de dia. Não é invulgar que me apanhem no abismo dos dorminhocos profundos por volta das 16h00. Nem anormal que às 9h00 seja tempo de surgir em cena o meu bastante esquizofrénico e exclusivo João Pestana. Talvez por isso, me retrate a minha sobrinha Madalena querida assim desta maneira genial:
No contexto do magnífico boneco e do meu épico-trágico-sonoro abandono ao Senhor Morpheu, trago para aqui um poema que é tão antigo ou mais do que este blog, agora cozinhado numa panela sónica de aço inoxidável, ruído deveras desagradável, mais ou menos como o ressonar que eu não oiço (porque sou eu que ressono), ou a paz que não sinto, como quem entra em coma de absinto. Enfim, e apesar de tudo, uma barulheira enorme:
ODE SOPORÍFERA
Mesmo antes do primeiro bocejo,
vem do inferno o João Pestana
para me dar um beijo.
Traz no hálito o ópio da noite,
esse doce leito em que me deito,
esse incenso maldito que vomito.
E como quem parte rumo ao esquecimento,
durmo o abandono.
Não dou sinais de vida
nem arrais ao pensamento;
apenas ressono.
Mergulho numa tranquila inconsciência sem retorno,
um transe profundo e quieto,
um delírio de silêncios completo:
Morpheu é meu senhor e dono
e eu sou enfim um monstro em coma
no sarcófago do sono.
quinta-feira, julho 31, 2008
quarta-feira, julho 23, 2008
Outra vez a Volta de sempre.
Estou aqui a olhar para um conjunto de super heróis que pegam numas bicicletas e decidem discordar sobre quem chega primeiro aos Alpes. Vejo montanhas porreiras para alpinistas mas desumanas para quem vai de bicicleta. Vejo que as motas dos repórteres são mais lentas a descer por aquelas montanhas a baixo. Por amor de deus: deixem lá os tipos doparem-se à vontade. Os senhores que expulsam os super heróis da Volta à França por serem os super heróis da Volta à França deviam ir fumar uma ganza. Ou para o inferno. O meu último grande herói é o italiano Ricardo Riccò e quem tira prazer da Volta a França está de certeza de acordo comigo: vitaminado ou não, é bonito de ver. E, por favor, não me venham com a moral da história. Os desportos de alta competição não são, de qualquer forma, desportos. Isso eram coisas de aristocratas ingleses - aborrecidos com a vida. Vão lá perguntar aos clássicos - afinal, eram os sábios - se estavam preocupados com as dopaminas que o tipo da Maratona tomou para correr 42 quilómetros depressinha. Se na altura ele tivesse uma bicicleta e duas gramas de cocaína, teria sido um deus! Poupem-me lá ao puritanismo senão matam-me a corrida. O ano passado, cada infeliz que ganhava uma etapa ia de cana. Este ano, cada maravilha entre cobardes leva um pontapé no rabo. Porque tomaram isto ou aquilo. Ora, considerando que todos os infelizes que se obrigam a fazer a Volta à França não estarão, de todo, no domínio pleno do seu perfeito juízo, e dados os ambiciosos (muito ambiciosos) objectivos a que esta malta é submetida, agradeço que os senhores autoritários da Volta (que também tomam isto e aquilo só para se sentarem nas cadeiras do julgamento) pensem bem no que estão a fazer pela integridade da competição. Porque não é a França que é bonita. A corrida é que é.
domingo, julho 20, 2008
O bom do José Sócrates seria capaz, certamente, de beijar a ponta do pénis de Estaline, se fossem os dois contemporâneos e se o nosso PM objectivasse com isso uma pequenina que fosse vantagem comercial qualquer. Só não digo o mesmo de Hitler porque Sócrates consegue ainda assim ser fiel à sua miserável cartilha ideológica. Lula, Kadhafi, Chavez, Eduardo dos Santos: todos os facínoras da nova esquerda servem em nome dos negócios. Portugal é hoje um país que lava o dinheiro sujo destes bandidos todos. E que mais venham. O PM baixa as calcinhas e sorri em triunfo. É uma vergonha enorme, mas os portugueses, bem vistas as coisas, já estão habituados. E mais vale o dinheirinho que a vergonha na cara, não é?
domingo, julho 13, 2008
O veto da China e da Rússia à resolução do Conselho de Segurança que procurava castigar o inacreditável Mugabwe e mostrar assim que ainda resta um mínimo de decência à comunidade internacional, não surpreende, é verdade, mas é uma humilhação para toda a gente que tem vergonha na cara.
As Nações Unidas são - não me canso de escrever isto - uma das mais inúteis, nefastas, infames e fraudulentas artimanhas da história das organizações. Depois de décadas de cobardia, incapacidade, falabaratismo, despesismo e vilania, este miserável clube sobrevive apenas graças à hipocrisia dos diplomatas e aos ordenados milionários dos burocratas que lá trabalham.
Como é que um país que vai usar os Jogos Olímpicos como produto de cosmética pode ter uma atitude destas e sair ainda assim bem maquilhado, é um mistério para mim. Como é que um país completamente fascista e colaborativamente fascista pode ter assento em qualquer conselho de segurança internacional minimamente civilizado é coisa que me transcende.
Ò grandes senhores da política ocidental: fechem lá essa merda, pá. E com o dinheiro que poupam em cada dia apenas, contratem um atirador profissional que acerte muito simplesmente um tirinho de ouro no pirata do preto.
domingo, julho 06, 2008
Um blog numa frase só.
"Fátima é o nome de uma taberna de Lisboa onde às vezes… eu bebia aguardente."
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa
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