Tudo. Ou quase tudo.
Nas fundações desta disciplina o que não faltam são lacunas e inconsistências: ninguém sabe o que é a matéria negra e toda a gente tem dúvidas sobre a essência da energia negra, as propriedades quânticas do tempo e do espaço ou como é que podemos mensurá-las. E assim sendo, a Teoria Geral da Relatividade e o Modelo Standard da Física de Partículas não conseguem encaixar de todo, num todo consistente.
Acresce que o corpo de conhecimento fundamental da Física está caduco e não tem progredido em nada de fundamental nos últimos 50 anos. A Teoria Geral da Relatividade tem mais de um século e o Modelo Standard da Mecânica Quântica data dos anos 70. Isto apesar de existirem hoje muito mais físicos (e muito melhor financiados) do que no princípio do Século XX (na verdade o número de físicos cresceu 100 vezes em 100 anos).
O problema central pode estar na metodologia, que é esquizofrénica. Os físicos teóricos contemporâneos dedicam-se a inventar (sim, sim, inventar) teorias, a maior parte delas sem qualquer base em factos observáveis, e depois a pressionar os seus colegas da Física Experimental a procurarem data que confirme os delírios da sua imaginação. Ninguém encontra nada de substantivo que demonstre esses delírios, claro, mas o processo sai muito caro aos contribuintes.
Por exemplo: o túnel de colisão de partículas (LHC) do CERN custou a módica quantia de 13 biliões de dólares (ou 11 mil milhões de Euros). E a única descoberta realmente importante que fez foi a de provar que o bosão de Higgis existe. Sendo que a hipótese do bosão de Higgis existir foi levantada em 1964.
Depois disso, uma miríade de teóricos, de forma a sustentarem as suas múltiplas e mirabolantes teorias, levantaram a possibilidade de existirem muitas outras partículas desconhecidas. O LHC nunca as descobriu.
Um outro problema fulcral para a estagnação óbvia da física advém de uma espécie de fé que os cientistas alimentam: a de que as leis da natureza devem ser belas e elegantes. Esta crença não tem qualquer demonstração observável na realidade. O que demonstra sim, é que até os mais fanáticos ateus não escapam à sedução religiosa. Porque a física dos tempos que correm é um credo.
Como já aqui reportei,
se perguntares a um Físico de hoje o que é uma Partícula, ele não te
sabe responder, na verdade. E se lhe perguntares o que é a Gravidade,
também não. Talvez te surpreenda, gentil leitor, mas isso até é normal,
se formos justos, porque ao contrário do que sempre te ensinaram as
ciências exactas não são disciplinas explicativas (isso cabe à Filosofia
ou à Teologia), mas sim descritivas. A Física deve descrever a órbita
de um planeta e não explicar porque é que ela existe assim.
A
questão é que a arrogância das academias contemporâneas, junta com a sua
ignorância, ultrapassou e ignorou os limites éticos e operacionais da
sua acção. E agora encontram-se num beco sem saída.
Há até uma anedota que se conta baixinho por alguns arrivistas, nos corredores das universidades:
Pergunta a um físico teórico que idade tem o universo e ele vai-te
responder: "não sabemos bem, qualquer coisa entre os 12.000 e os 17.000
biliões de anos. Mas uma coisa é certa: Deus não existe."
Este é o deplorável estado de coisas. Uma ciência que já foi gloriosa é agora vítima da sua própria ambição, está agora paralisada pelos limites ontológicos do conhecimento humano, fanática das certezas que não tem, epistemologicamente estagnada, sobre-financiada, delirante e decadente.
Mas não acreditem em mim. Não é preciso. Oiçam a Sabine Hossenfelder ou pesquisem no Google "Crisis in Cosmology". E tirem as vossas próprias conclusões.
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Astrofísicos: não sabem o que fazer à vida. (2020).
A crise da Cosmologia já é um facto inegável. (2020)
Sobre a crise da cosmologia contemporânea: novos contributos. (2019)
A Física no seu labirinto. (2019)
A incerteza chegou à termo-dinâmica. (2018)
Os últimos dias da Física. Ou talvez não. (2018)
Tudo o que sabemos está errado. E tudo o que não sabemos também. (2014)