Santo Anselmo de Cantuária. Bom Deus, se não vivêssemos tempos de totalitarismo ateísta, este homem teria uma estátua em cada cidade do Ocidente. Com a provável excepção de Kurt Gödel, que no Século XX demonstrou através da Teoria da Incompletude que a matemática precisa de uma elemento de transcendência para sobreviver exacta, ninguém como este genial monge beneditino conseguiu provar, recorrendo apenas ao pensamento lógico, que Deus não tem remédio senão existir.
O argumento, ainda por cima, é de uma simplicidade que, sendo enganadora para os críticos, é deliciosa para os apologistas. O método é o seguinte:
I - Encontrar uma definição de Deus que seja universal. Não importa agora se Deus existe ou não. Pensar apenas numa definição que obtenha a concórdia de todos, ateus inclusive.
II - Neste contexto, Anselmo propõe uma definição que parece pacífica: Deus é aquele a partir do qual nada maior pode ser pensado.
III - E este Deus, de quem não conseguimos imaginar nada de superior, existe apenas na mente do homem? Certamente que não, porque se existisse apenas na dimensão abstracta não seria conceptualmente a Coisa maior que pode ser pensada.
IV - Logo, para que Deus seja aquele a partir do qual nada maior pode ser pensado, terá que existir na realidade, também.
É isto. E qualquer criança consegue perceber isto. Mas neste caso, a simplicidade do raciocínio não significa que a sua anulação seja tarefa fácil. O sempre brilhante e articulado Dinesh D'Souza explica em oito minutinhos apenas porque é que séculos de cépticos não conseguiram liquidar uma dos mais sólidos princípios filosóficos - e teológicos - do Ocidente.