domingo, junho 06, 2021

Santo Anselmo e o argumento ontológico em favor da existência de Deus.

Santo Anselmo de Cantuária. Bom Deus, se não vivêssemos tempos de totalitarismo ateísta, este homem teria uma estátua em cada cidade do Ocidente. Com a provável excepção de Kurt Gödel, que no Século XX demonstrou através da Teoria da Incompletude que a matemática precisa de uma elemento de transcendência para sobreviver exacta, ninguém como este genial monge beneditino conseguiu provar, recorrendo apenas ao pensamento lógico, que Deus não tem remédio senão existir.

O argumento, ainda por cima, é de uma simplicidade que, sendo enganadora para os críticos, é deliciosa para os apologistas. O método é o seguinte:

I - Encontrar uma definição de Deus que seja universal. Não importa agora se Deus existe ou não. Pensar apenas numa definição que obtenha a concórdia de todos, ateus inclusive.

II - Neste contexto, Anselmo propõe uma definição que parece pacífica: Deus é aquele a partir do qual nada maior pode ser pensado.

III - E este Deus, de quem não conseguimos imaginar nada de superior, existe apenas na mente do homem? Certamente que não, porque se existisse apenas na dimensão abstracta não seria conceptualmente a Coisa maior que pode ser pensada.

IV - Logo, para que Deus seja aquele a partir do qual nada maior pode ser pensado, terá que existir na realidade, também.

É isto. E qualquer criança consegue perceber isto. Mas neste caso, a simplicidade do raciocínio não significa que a sua anulação seja tarefa fácil. O sempre brilhante e articulado Dinesh D'Souza explica em oito minutinhos apenas porque é que séculos de cépticos não conseguiram liquidar uma dos mais sólidos princípios filosóficos - e teológicos - do Ocidente.