O pediatra experimentador.

O pediatra Jorge Sales Marques escreve no Observador: "O sucesso de controlo de novos casos passa por: 1) vacinar 85% da população; 2) fazer a terceira dose 6 meses depois da segunda dose; 3) vacinar jovens dos 5-11 anos; 4) manter medidas sanitárias."

Espero sinceramente, para bem dos pais que confiam as crianças a esta luminária, e das crianças que lhe são confiadas, que o doutor saiba mais da sua especialidade do que de epidemiologia. Mas na verdade desconfio que sabe tanto de uma disciplina como de outra.

Das quatro medidas que o pediatra recomenda, do alto do seu saber incomensurável, a primeira e a última são anacrónicas porque já foram aplicadas. E se tivessem sido bem sucedidas, Sales Marques não precisaria agora de ter escrito estas tristes linhas.

A segunda medida que propõe vem com o alto patrocínio da Pfizer e prova que numa simples linha de texto se podem esconder infinitas entrelinhas, porque seguindo a lógica deste eminente médico há que fazer a terceira dose 6 meses depois da segunda dose; fazer a quarta dose 3 meses depois da terceira dose; fazer a quinta dose dois meses depois da quarta; fazer a sexta um mês depois da quinta e assim sucessivamente até que quantidades significativas de vacinados comecem a cair para o lado com problemas cardíacos (aumentar a taxa de mortalidade é uma maneira eficaz de salvarmos o planeta das alterações climáticas).

A terceira medida proposta neste arrepiante texto é a de repetir a experiência com crianças. Portanto, um pediatra recomenda que uma vacina experimental, que na verdade nem sequer é, tecnicamente, uma vacina e que apresenta graus de eficácia absolutamente miseráveis e efeitos secundários não negligenciáveis, seja injectada em crianças a partir dos cinco anos de idade de forma a que os adultos se sintam mais seguros (porque o risco de vida que o Covid representa para um infante é, para todos os efeitos, nulo).

Como é que este homem consegue dormir à noite? E quem é que comete a insanidade de confiar um filho aos seus cuidados médicos? Não faço a mais pequena ideia.