sexta-feira, fevereiro 18, 2022

O meu pé pesado #22: na Finlândia, o Dirt Rally 2.0 transforma-se num simulador de vôo (parte 2).

O segundo troço finlandês do Dirt Rally 2.0, com a extensão de 16 kms, basea-se na restante metade do Ouninpohja do mundial de ralis da vida real. É ligeiramente menos acidentado e mais sinuoso do que o trajecto anterior, mas também mais escorregadio, integrando várias curvas com ângulos de banking negativos, que espoletam forças termodinâmicas empenhadas em empurrar o automóvel para as valetas limítrofes.

Há muitos saltos em curva ou localizados muito próximo das curvas, que destabilizam as trajectórias, obliteram dezenas de metros de travagem e cegam completamente a morfologia da estrada.

Considerando que abordas essas curvas a 180 ou 200 à hora e com as quatro rodinhas a um, a dois ou a três metros acima da boa e velha superfície da Terra; considerando que a estrada é basicamente delimitada pelo cerco dos magníficos pinheiros silvestres, abetos e bétulas que são típicos desta pista florestal, temos que render justa homenagem aos senhores que fazem disto profissão e disparam os automóveis do mundo concreto por estas estradas, como anjos suicidas.

No sentido Este / Oeste cumpro o percurso com o piso molhado e em ambiente crepuscular. Farto-me de meter a borracha na valeta, entro com metade do carro pela quinta de alguém (acho que lhes parti a caixa do correio), faço um último terço da prova em pânico total (este troço, nestas condições, parece que nunca mais acaba), com o Fiesta a cumprir a coreografia de um mal ensaiado Lago dos Cisnes; mas dado o estado ensopado do piso, não encontrei maneira de reduzir a margem de erro.

Ainda assim, consigo um tempo dentro dos 125 primeiros, o que está mais que bem para aquilo que posso e sei fazer. Dou-me por feliz e contente.



No sentido inverso, o dia está claro e a gravilha está seca e faço um prova fluída, apesar de duas saídas de pista a grande velocidade e em vôo assimétrico, que só não resultaram em morte imediata porque os deuses do sim racing estavam extremamente bem dispostos.

Marco um tempo muito próximo dos 500 primeiros e sinto, sinceramente, que podia ter feito melhor. Mas há que respeitar a boa regra de duas horas de tentativas por troço e assim sendo, resigno-me ao fado lento.



Cumpri apesar de tudo o objectivo de melhorar a média classificativa a que me tinha proposto na conclusão da primeira parte deste desafio.

A seguir nesta série: a odisseia que se corre num quartel militar alemão.

Até lá, boa viagem, à velocidade de Deus.