sábado, fevereiro 12, 2022

A Síndrome Maria Antonieta.

Máximo exemplo do abismo que hoje desagrega as sociedades, irremediavelmente divididas entre a volição oligárquica das elites e a pulsão libertária da vontade popular, é consubstanciado nas recentes declarações de Candice Bergen, a líder do partido Conservador Canadiano:



Num momento que podia ser épico para o centro-direita da federação, Candice recusa capitalizar a insatisfação popular e prefere alinhar o seu partido com os poderes totalitários estabelecidos no Canadá, estruturando uma mensagem política muito próxima daquela que ontem foi adoptada por Trudeau.

A líder conservadora tem que saber que o seu apelo ao fim dos protestos não vai ser bem recebido pelos camionistas. Tem que saber que a sua voz conformista, obediente aos grandes interesses oligárquicos e cúmplice com a atitude fascista do governo canadiano não vai cair bem no seu próprio eleitorado. Tem que saber que as suas palavras não vão fazer qualquer diferença no impasse que foi criado. Ainda assim, está disposta, contra os seus interesses e os interesses da população que representa, a cumprir este triste papel de colaboracionista de um regime alienado e autoritário.

As forças centrifugas que estão a afastar os governos dos governados, os cidadãos dos seus representantes, as elites das massas, são hoje excessivamente poderosas para serem travadas pela inércia do bom senso, da razão e até do oportunismo eleitoral.

Historicamente, essa divisão política, económica e social, esse autismo de casta, acaba com sangue nas ruas.