quarta-feira, abril 27, 2022

Que remédio.


Como há três ou quatro semanas atrás já tinha previsto aqui, há muitos países europeus que não vão ter remédio senão aceitar a imposição de Putin e comprar o gás e o petróleo russos em rublos.

A Alemanha, a Áustria e a Eslováquia já cederam. A Hungria também anuiu, mas neste caso não se trata de uma cedência, porque Viktor Orbán simpatiza mais com Moscovo do que com Bruxelas.

É claro que as transações têm sido disfarçadas com procedimentos financeiros mais ou menos clandestinos (se depositares euros numa conta bancária e o banco depois pagar à Rússia em rublos, os dois lados do negócio podem afirmar o que mais lhes convém: que pagaram na moeda da União, que receberam na moeda russa), mas para todos os efeitos o petrodólar deixa de fazer parte da equação.

E com o arrastar da guerra na Ucrânia (que parece a cada dia que passa favorecer a Rússia e enfraquecer a Europa), o Ocidente vai ter que decidir entre ceder às exigências de Moscovo ou enfrentar o profundo desassossego político e social que a inflação e os altos custos energéticos vão certamente implicar.

É um jogo que Putin não pode perder. Afinal, é ele que está a vender o produto que encareceu loucamente. O negócio vai de vento em popa.

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Actualização às 15h05: O Kremlin interrompeu todas as exportações de gás para a Polónia e a Bulgária depois de ter expirado o prazo para que as nações paguem as energias que compram à Rússia em rublos.