A imprensa das ultimas décadas tem cumprido um péssimo serviço às ciências e principalmente às chamadas ciências exactas. Simplificando temas complexos e descontextualizando os temas, porque os jornalistas consideram os seus públicos excessivamente ignorantes para dominarem as nuances mais intrincadas e demasiado impacientes para conhecerem os percursos epistemológicos; criando uníssonos onde eles não existem, porque a Ciência nunca é consensual; eliminando margens de erro onde elas são fundamentais, porque o activismo jornalístico contemporâneo é inimigo da dúvida; vendendo conceitos absolutos e omitindo a falibilidade do conhecimento humano; politizando e dramatizando tudo, porque é assim que amplificam as suas curtas audiências, os meios de comunicação social transformaram o acesso aos factos científicos num portal de dogmas, meias verdades e equívocos, onde o cidadão leigo se perde ou fica aprisionado.
É claro que, muito frequentemente, a responsabilidade pelas más notícias sobre ciência advém das fontes: papers com resultados errados e newsletters que privilegiam os preconceitos das academias e a volição carreirista dos seus quadros em desfavor de uma visão objectiva dos trabalhos que produzem, fazem parte do problema.
Sabine Hossenfelder disserta sobre este assunto, num breve ensaio estruturado à volta de dez pontos fundamentais, que dissecam as várias dimensões da desinformação com que somos agredidos todos os dias.