Nos tempos remotos em que ainda consumia televisão mainstream, as minhas duas últimas rotinas foram: o Jornal das 9 da Sic Notícias, com o Mário Crespo e, logo a seguir, o "Tonight Show", do Jay Leno. Isto foi há quase 20 anos. Depois disso, desisti completamente de frequentar o que as operadoras de telecomunicações vendem como "informação" e "entretenimento".
No caso do Jay Leno, e muito para além das suas qualidades como comediante e anfitrião de talk shows (e da sua paixão pelos automóveis), sempre me pareceu que se tratava de alguém com notáveis qualidades humanas, o que é muito raro na indústria de entretenimento norte-americana, e não só. Educado, sensato, dono de um saber estar e de um saber fazer que é exclusivo de pessoas bem formadas, Leno sempre recusou o activismo político barato, de alto índice hipócrita, dos seus pares, e foi invariavelmente leal a um perfil moderado, sóbrio e distante do vicioso glamour hollywoodesco, característico de quem sabe que habita um território de serpentes, mas recusa a condição ofídia.
E este breve e delicioso clip faz prova de que o meu instinto estava certo. Quantas estrelinhas mediáticas é que hoje em dia deixam de ganhar 15 milhões de dólares por ano para proteger os empregos da plebe? Zero estrelinhas.