quinta-feira, junho 28, 2012
E mesmo a propósito:
Juan Manuel Fangio mostra como é que se faz num circuito - Modena - que parece um eixo rodoviário sob a manutenção da Estradas de Portugal, E. P.
Não sou nenhum Fangio, não.
Mas a coisa até não correu mal, na GT Academy deste ano. Considerando que a competição contou com mais de um milhão de participantes a nível global, a minha classificação mundial (3678º) parece-me aceitável. Fiquei um bocado triste por ficar fora dos 100 primeiros portugueses (116º), mas para o ano há mais!
quarta-feira, junho 27, 2012
Lindinho, manhoso e cobardolas.
Aqui este sujeito é excelente no anúncio contra a comichão no couro cabeludo e muito jeitoso no Real Madrid. Mas, por amor de Deus, é uma vergonha na Selecção. Mais: um cobardolas que se esconde de um desempate por grandes penalidades nas meias finais de um campeonato europeu não pode ser considerado o melhor jogador do mundo.
E o espectáculo de hoje (usar a palavra espectáculo já é de uma ousadia imensa) foi de um miserabilismo escandaloso. Portugueses e espanhóis proporcionaram um dos jogos de futebol mais horríveis que já tive a má ideia de assistir.
Que saudades da NFL...
Pequenas discórdias.
Desde que Mike Bramble, meu grande amigo e ilustre contribuinte deste blog, começou a lavrar os seus magníficos posts, fui registando, aqui e ali, alguns pontos de divergência que vale talvez a pena resumir, nem que seja para polemizar um bocadinho só.
1 - Aconteça o que acontecer hoje, o CR7 portou-se muito mal no jogo contra a Dinamarca e deve ser criticado por isso.
Eu não tenho a opinião, como o meu amigo, de que os jogadores da selecção devam ser poupados à crítica. Pelo contrário. O futebol é um desporto que se consubstancia no erro humano e os profissionais da bola devem viver com a crítica como um osso do ofício. Aguentem-se. E aguentem-se principalmente quando se exibem a um nível quase ofensivo. O Cristiano Ronaldo, no jogo contra a Dinamarca, exibiu-se a um nível quase ofensivo. E deve ser quase ofendido, também.
2 - Eu acho que os alemães são boa gente. E jogam à bola que se fartam.
Ao contrário de Mike Bramble, eu gosto da Alemanha. Gosto da nação, do povo e das respectivas glórias. A Alemanha é uma potência fundadora da civilização ocidental por causa dos filósofos, dos poetas, dos romancistas, dos músicos, dos físicos, dos engenheiros e, sim, dos futebolistas que tem conseguido parir em quantidade e qualidade durante os últimos, digamos, seis séculos.
Nem estou nada interessado em pactuar com a actual onda anti-germânica - fenómeno simultaneamente pueril e perigoso, que é resultado básico de uma visão mesquinha e cheguevarista da história, da sociedade e da economia.
O meu querido Mike Brumble pode escrever aqui as elegias e os elogios que quiser sobre russos e ucranianos, gregos e croatas, irlandeses e italianos, mas a verdade é esta: nunca a Alemanha ganhou um título europeu ou mundial (e ganhou muitos) a jogar feio. Gregos e italianos e franceses, por exemplo, já foram Campeões da Europa com um futebol miserável. O alemães jogam sempre a alto nível. São profissionais sérios, são muito fortes psicologicamente, são organizados e agressivos e não costumam trancar-se na defesa. É difícil encontrar na história do desporto uma equipa germânica que não jogue invariavelmente para ganhar. E isso, considerando a realidade do futebol contemporâneo, não é dizer pouco.
A Alemanha é a melhor selecção deste Euro 2012 e vai somar mais um título. Não é a que joga mais bonito - os alemães deixam essa honra para nós, portugueses - mas também não é nada aborrecido de ver, convenhamos.
3 - Não estou certo quanto à qualidade da sua sociologia, mas eu sou um grande apreciador das crónicas do Alberto Gonçalves.
Aqui é que o meu amigo Mike Bramble e eu estamos realmente nos antípodas. Eu acho que o Alberto Gonçalves é grande. A coluna dele deve ser, neste momento, a única coisa que vou seguindo com algum entusiasmo na imprensa nacional. O homem é desassombrado à brava e é necessário que alguém diga aquilo que ele costuma ter para dizer. E quanto à qualidade da prosa, é verdade que o sociólogo não vai ganhar nenhum Pulitzer, mas não me parece que mereça assim tantas críticas. Principalmente no contexto da falência discursiva que é dominante em revistas como a Sábado ou a Visão.
E, quanto a discórdias, é tudo. Até porque eu e o Mike Bramble estamos geralmente em sintonia sobre uma multiplicidade de assuntos, alguns dos quais têm vindo inclusos nos seus posts. E, para felicidade minha e elevação deste blog, ele tem escrito bastantes.
1 - Aconteça o que acontecer hoje, o CR7 portou-se muito mal no jogo contra a Dinamarca e deve ser criticado por isso.
Eu não tenho a opinião, como o meu amigo, de que os jogadores da selecção devam ser poupados à crítica. Pelo contrário. O futebol é um desporto que se consubstancia no erro humano e os profissionais da bola devem viver com a crítica como um osso do ofício. Aguentem-se. E aguentem-se principalmente quando se exibem a um nível quase ofensivo. O Cristiano Ronaldo, no jogo contra a Dinamarca, exibiu-se a um nível quase ofensivo. E deve ser quase ofendido, também.
2 - Eu acho que os alemães são boa gente. E jogam à bola que se fartam.
Ao contrário de Mike Bramble, eu gosto da Alemanha. Gosto da nação, do povo e das respectivas glórias. A Alemanha é uma potência fundadora da civilização ocidental por causa dos filósofos, dos poetas, dos romancistas, dos músicos, dos físicos, dos engenheiros e, sim, dos futebolistas que tem conseguido parir em quantidade e qualidade durante os últimos, digamos, seis séculos.
Nem estou nada interessado em pactuar com a actual onda anti-germânica - fenómeno simultaneamente pueril e perigoso, que é resultado básico de uma visão mesquinha e cheguevarista da história, da sociedade e da economia.
O meu querido Mike Brumble pode escrever aqui as elegias e os elogios que quiser sobre russos e ucranianos, gregos e croatas, irlandeses e italianos, mas a verdade é esta: nunca a Alemanha ganhou um título europeu ou mundial (e ganhou muitos) a jogar feio. Gregos e italianos e franceses, por exemplo, já foram Campeões da Europa com um futebol miserável. O alemães jogam sempre a alto nível. São profissionais sérios, são muito fortes psicologicamente, são organizados e agressivos e não costumam trancar-se na defesa. É difícil encontrar na história do desporto uma equipa germânica que não jogue invariavelmente para ganhar. E isso, considerando a realidade do futebol contemporâneo, não é dizer pouco.
A Alemanha é a melhor selecção deste Euro 2012 e vai somar mais um título. Não é a que joga mais bonito - os alemães deixam essa honra para nós, portugueses - mas também não é nada aborrecido de ver, convenhamos.
3 - Não estou certo quanto à qualidade da sua sociologia, mas eu sou um grande apreciador das crónicas do Alberto Gonçalves.
Aqui é que o meu amigo Mike Bramble e eu estamos realmente nos antípodas. Eu acho que o Alberto Gonçalves é grande. A coluna dele deve ser, neste momento, a única coisa que vou seguindo com algum entusiasmo na imprensa nacional. O homem é desassombrado à brava e é necessário que alguém diga aquilo que ele costuma ter para dizer. E quanto à qualidade da prosa, é verdade que o sociólogo não vai ganhar nenhum Pulitzer, mas não me parece que mereça assim tantas críticas. Principalmente no contexto da falência discursiva que é dominante em revistas como a Sábado ou a Visão.
E, quanto a discórdias, é tudo. Até porque eu e o Mike Bramble estamos geralmente em sintonia sobre uma multiplicidade de assuntos, alguns dos quais têm vindo inclusos nos seus posts. E, para felicidade minha e elevação deste blog, ele tem escrito bastantes.
Sociologia de algibeira
POR MIKE BRUMBLE
“A vitória de Portugal”, é assim que este arauto deliberou
escrevinhar sobre a selecção portuguesa de futebol. Sobre o Euro em curso e,
supostamente, sobre o fenómeno popular e mediático que tudo isto arrasta.
Assina Alberto Gonçalves e diz-se sociólogo. Acompanha-se, semana a semana, com
uma foto ao estilo marialva, de mãos nos bolsos.
Conhecia mangas de alpaca, filosofia de alcova, chistes de
pacotilha. Mas agora há um novo género a bombar: a sociologia de algibeira.
O sociólogo em causa tem notórios problemas de contas. E, o que
não é menos, de letras. O texto foi publicado a 21 de Junho, numa revista que
dá pelo nome de ‘Sábado’, mas vai para as bancas à quinta. Modernices…
Diz o senhor que consultou os dados das audiências televisivas e
que no desafio entre Portugal e a Holanda verificou que três milhões e
seiscentos mil viram o jogo. Conclusão do douto: “seis milhões e tal de
portugueses estão comigo”.
E estar com o senhor Alberto Gonçalves a como soa? “Contra Portugal,
“Portugal” perdeu de goleada. Vamos celebrar?”.
Bom, não passa de uma opinião. Se bem que, com isto preferir
“destacar os quase dois terços de cidadãos” que teriam manifestado o seu
“desprezo pelo patriotismo em chuteiras”, algo que o incha de orgulho, parece-me
deslocado.
As consultas de audiências televisivas em Portugal andam pela ruas
da amargura. O senhor sociólogo deveria sabê-lo. Ou é mal intencionado.
E depois, senhor, não se escreve desta forma carroceira: “Ainda
assim, no dia seguinte consultei os números das audiências: 3 milhões e 600 mil
viram a partida, valores capazes de elevar a partida [outra vez?] a programa mais
visto do ano e de deprimir o cidadão menos contaminado pela histeria
colectiva”.
E logo a seguir: “Desde logo, porque a histeria colectiva [mais
uma dobradinha?] é largamente imaginária”.
Presunção minha – não seria melhor que o senhor Alberto Gonçalves,
sociólogo de cadastro, mantivesse as mãos nos bolsos quando escreve sobre uma
profissão em que os pés – e a cabeça - dão melhor resultado?
Um último pedido ao director da Sábado, Miguel Pinheiro. Nesta
revista paga por mim a três euros por semana, quando é que me reembolsam destas
parvoadas?
terça-feira, junho 26, 2012
Ronaldo Cyborg
POR MIKE BRAMBLE
“A política é a arte do previsível. Do imprevisível deveria
encarregar-se a natureza e Cristiano Ronaldo”. Ou assim: “Portugal desperdiçou
meia hora antes de estabelecer a sua esmagadora autoridade, personificada em
Cristiano Ronaldo, que ofereceu o melhor do seu repertório”, a propósito do
jogo ganho pelos lusos contra os checos.
Quem escreveu isto, é espanhol. Muito recomendável. Santiago
Segurola, de seu nome, adjunto do director do jornal castelhano ‘Marca’.
Publicado no Diário de Notícias.
“Cristiano Ronaldo é no futebol o que LeBron James
representa no basquetebol ou Usain Bolt no atletismo. Estão à frente no seu
tempo, cyborgs
que combinam destreza, velocidade e potência em doses desconhecidas até agora”,
acrescenta Santiago Segurola.
Dá gozo ler textos de quem percebe da poda. Mais uns
trechos: “imaginemos que o futebol estará cheio de Ronaldos em 2050, mas
actualmente é uma raridade maravilhosa que surpreende porque não existe
comparação”.
“Quando Cristiano Ronaldo entrou em combustão, a República
Checa desapareceu do mapa”. Por mim reproduziria aqui o texto integral de
Segurola, a lembrar o brilhantismo de Jorge Valdano com a pena.
Para remate certeiro, deixo isto: “pouco a pouco, Cristiano
Ronaldo começa a exercer no Europeu o domínio que mostrou Maradona no Mundial ’86.
Entrou em estado de graça. Só falta que a equipa o ajude nesta aventura”.
Nem mais, nem menos. LeBron ganhou um título da NBA poucas
horas depois de este ter texto ter vindo à luz do dia. O jamaicano ainda tem
umas semanas para preparar a aceleração sideral que o caracteriza no
hectómetro. Para Cristiano, o tempo é mais curto. Vamos a ver…
sábado, junho 23, 2012
Platini, o candongueiro da UEFA
POR MIKE BRAMBLE
Platini, o Mafioso encartado. Já como futebolista só ficou acima da média, mas nada de excepcional. Do delírio dos Deuses, permanecerão Di Stefano, Puskas, Maradona, Pélé, Eusébio, Beckenbauer, Cruiff e uns tantos outros. Esses estão na galeria de honra do futebol. Este senhor, que agora é o dono da UEFA na secretaria manhosa, terá um lugar num balcão, afastado do palco.
Mas, já se sabe como são os franceses. Com o rei na barriga e a rainha no cadafalso. Veio Platini dizer que apostava numa final entre a Alemanha e a Espanha. E que a Espanha jogava o melhor futebol deste Euro. Opinião é livre. Só a dá quem a tem e só a ouve ou lê quem quer. Mas, e a responsabilidade dos cargos? A ‘boutade’ do (p)residente da UEFA pode explicar-se por vários motivos. Sem conseguir lutar contra as apostas clandestinas que grassam no futebol europeu, decidiu fazer-se à vida e lançou a sua própria baiúca de jogo oficial. Não morre de amores pelo seleccionador francês e pela equipa do seu país e vingou-se. Tem uma aversão congénita a portugueses, ingleses, italianos e a outras nacionalidades que já não estão na prova. Ou é mais esperto que inteligente, para disfarçar a parvoíce pegada. Se calhar é um ‘pot pourri’ de tudo isto, com muita corrupção à mistura.
Houvesse honra e dignidade e todas as outras equipas se teriam retirado da contenda. Mas, não, que nestes tempos há outros valores (faciais, de moeda), mais altos, que se levantam. Hélas!
Este cão grande ladra e a pequena e submissa caravana vai passando. Perseverando em campo, na quinta-feira, Cristiano & os amigos deram-nos uma grande alegria, mas também uma envenenada prenda de aniversário a ‘monsieur’ Platini.
Para líder máximo da ‘religião’ da UEFA, estas declarações não são uma mera aposta, são uma apostasia. Aposto: é azia!
Espanholitos borraditos
POR MIKE BRAMBLE
Estou há uma semana no Algarve, a escassos quilómetros da fronteira com Espanha. O belo Guadiana à vista. O Sol é imperador, mas têm vindo maus ventos de Espanha. Até no centro da Europa, no último jogo com a Croácia, a ‘roja’ balbuciou e esteve em palpos de aranha para não perder.
Começaram os pupilos de Del Bosque com aquele soporífero esquema de passe interminável – ‘tiki-taka’, que bosta de apodo. E de jogo sem prazer. Tudo entre cinco e dez metros. No rectângulo televisivo desaparecem do campo as linhas da grande área. Outra versão do futebol sem balizas.
Enfim, a Croácia lá foi mostrando que tinha mais poder letal, mas há dias assim. E há árbitros muito convenientes para certas manigâncias. ‘Nuestros hermanos’ borraram-se todos, mas continuam ufanos e soberbos. De que ‘no hay dos sin tres’.
Pois, pois… Bilic esteve quase a dar-lhes o chá que merecem. Os poucos milhares de espanhóis que por aqui ainda sirigaitam exsudavam: medo, apenas. Depois de um penalty não assinalado, de uma expulsão não assumida e de um dos golos mais polémicos do Euro, tudo bate com uma arbitragem miserável de um alemão. Estes germânicos estão cada vez piores a liderar qualquer coisa sem o poder militar do seu lado- Com estes ‘regalos’, os espanholitos ‘borraditos’ já estão a discutir qual é que é a melhor equipa para defrontarem nos quartos-de-final. E nas meias-finais. E na final. Enfim, a má vizinhança e os maus ventos são uma sina que nos cerca há quase um milénio.
Ao invés, por cá vai-se discutindo quem dos jogadores não canta o hino nacional. Um debate impossível aqui ao lado. Têm um hino sem letra. Porquê? Para não ferir as susceptibilidades autonómicas. Em África, chama-se a isto etnias. O politicamente correcto já tem vasta experiência curricular em certos lados da Península Ibérica.
Estamos a horas do embate de Espanha com a França. E já sabemos de bandeja: vermelho contra azul, dá Portugal a querer e ter de ajustar contas na próxima quarta-feira!
Estou há uma semana no Algarve, a escassos quilómetros da fronteira com Espanha. O belo Guadiana à vista. O Sol é imperador, mas têm vindo maus ventos de Espanha. Até no centro da Europa, no último jogo com a Croácia, a ‘roja’ balbuciou e esteve em palpos de aranha para não perder.
Começaram os pupilos de Del Bosque com aquele soporífero esquema de passe interminável – ‘tiki-taka’, que bosta de apodo. E de jogo sem prazer. Tudo entre cinco e dez metros. No rectângulo televisivo desaparecem do campo as linhas da grande área. Outra versão do futebol sem balizas.
Enfim, a Croácia lá foi mostrando que tinha mais poder letal, mas há dias assim. E há árbitros muito convenientes para certas manigâncias. ‘Nuestros hermanos’ borraram-se todos, mas continuam ufanos e soberbos. De que ‘no hay dos sin tres’.
Pois, pois… Bilic esteve quase a dar-lhes o chá que merecem. Os poucos milhares de espanhóis que por aqui ainda sirigaitam exsudavam: medo, apenas. Depois de um penalty não assinalado, de uma expulsão não assumida e de um dos golos mais polémicos do Euro, tudo bate com uma arbitragem miserável de um alemão. Estes germânicos estão cada vez piores a liderar qualquer coisa sem o poder militar do seu lado- Com estes ‘regalos’, os espanholitos ‘borraditos’ já estão a discutir qual é que é a melhor equipa para defrontarem nos quartos-de-final. E nas meias-finais. E na final. Enfim, a má vizinhança e os maus ventos são uma sina que nos cerca há quase um milénio.
Ao invés, por cá vai-se discutindo quem dos jogadores não canta o hino nacional. Um debate impossível aqui ao lado. Têm um hino sem letra. Porquê? Para não ferir as susceptibilidades autonómicas. Em África, chama-se a isto etnias. O politicamente correcto já tem vasta experiência curricular em certos lados da Península Ibérica.
Estamos a horas do embate de Espanha com a França. E já sabemos de bandeja: vermelho contra azul, dá Portugal a querer e ter de ajustar contas na próxima quarta-feira!
O Silêncio
Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.
Eugénio de Andrade
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.
Eugénio de Andrade
Monty Python falharam Gdansk
POR MIKE BRAMBLE
Os Monty Python não foram hoje a Gdansk. Mas há mais de 20 anos, produziram uma peça de humor inolvidável, glosando uma partida virtual, mas titânica entre os grandes filósofos das selecções alemã e grega. Confúcio apitava, com uma ampulheta, coadjuvado por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. O jogo era no Estádio Olímpico de Munique e a Alemanha perdeu em casa, porque a um minuto do fim Arquimedes teve uma ideia – Eureka! – e decidiu pegar na bola em direcção à baliza.
Diversão pura, com muita inteligência impregnada. Também nisto, os saudosos Monty foram visionários. O jogo de hoje foi muito menos divertido. A Alemanha, ganhou 4-2 à Grécia, liderada pelo português Fernando Santos. Teve menos ideias em discussão. Mais golos, é certo.
A inominável Merkel esteve na bancada a esbracejar catatonicamente, vestida que nem um horror. Despida, será certamente pior, como em tempos alvitrou Berlusconi. A Angela – chamar-lhe-ia ogre, se não tivesse um grande carinho pelo Shrek – foi muito apaparicada pelo presidente da UEFA.
O mafioso Platini já apostou que a Alemanha vai à final com a Espanha, conjunto este que teria o melhor futebol do Euro. Nojo, puro nojo, dedico a estes dirigentes europeus, políticos, futebolísticos, empresariais… A diferença é sempre tentar perceber quem pior e mais rápido faz que o outro!
No desafio conceptualizado pela equipa de John Cleese e parceiros, a Alemanha tinha chegado à final depois de eliminar a Inglaterra de Locke, Russell e Hobbes. Talvez agora, nas meias-finais, o resultado dê alguma justiça aos britânicos Monty Python.
quinta-feira, junho 21, 2012
Queres fazer o favor de te calares?
Mario Balotelli. Que espécie incrível de imbecil. Se isto é uma estrela eu vou ali e já venho. Depois de ter falhado com infantilidade, grosseria e displicência um golo feito frente à Croácia, o atrasado mental não gostou de ter sido colocado no banco no jogo seguinte. E em vez de ficar grato por - mesmo assim - ter sido lançado na segunda parte contra a Irlanda, ainda tem a lata de desatar a insultar toda a gente, só porque marcou uma batata, nem por isso decisiva. Sinceramente, rapazinho, por que não te calas?
Um recado para o senhor cavalcanti, filho.
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.
Alberto Caeiro
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.
Alberto Caeiro
quarta-feira, junho 20, 2012
Joaninha voa voa.
Esta fotografia lindíssima aqui em cima foi tirada no Palácio de Versalhes, onde nenhuma mulher antes da Joana de Vasconcelos tinha exposto fosse o que fosse, porque os franceses são o que são.
A Joana é uma artista notável porque faz arte que tem a ver com ela e com o país dela e as suas obras entendem-se. Comunicam. Expressam uma identidade. Têm uma ou muitas razões de fundo. São belas, são inspiradas, são surpreendentes, mas partem de um laboratório do prosaico que as justifica e legitima. Onze, de zero a dez.
segunda-feira, junho 18, 2012
Um longo domingo de vitórias.
Ontem foi Domingo gordo, para o desporto nacional. Transcendendo o facto consolador do senhor Cristiano Ronaldo ter acordado para a vida (mais porque o filho fazia anos que por outra coisa qualquer), o espectacular Rui Costa, que já tinha ganho uma etapa da Volta à França no ano passado, venceu agora a Volta à Suíça, com assinalável limpeza. E Pedro Lamy levou o Corvette C6-ZR1 à vitória na categoria LMS GTE Am das 24 Horas de Le Mans, prova onde apresenta um currículo muito respeitável. Antes disto tudo, na Sexta-Feira, o Rali de Portugal foi confirmado no calendário do Mundial da especialidade para 2013.
Nada mau, para um cantinho deprimido.
Um Grande Bem-Hajam!!!
POR MIKE BRAMBLE
Um Grande Bem-Hajam ou, simplesmente, Parabéns! Dedicados às quinas que há umas horas não quinaram. E que remeteram dinamarqueses e holandeses à burocrática tarefa de fazer as malitas. Sobre o que escrevi aqui há uns dias, tenho a notar que Paulo Bento já ficou com historial nestas fases finais de Europeus ou Mundiais de Futebol.
Mas só a partir de hoje! Conseguiu o feito de sermos os únicos que quando chegaram a fases decisivas dos troféus maiores do futebolês da Velha Europa seguiram sempre em frente, para a fase dos jogos a eliminar. Para mais, vencendo e ajudando a eliminar um vice-campeão mundial em título. Para ele só conta esta edição, mas não desmereceu. Começa a ser currículo…
A selecção lusa perdeu com a Alemanha sem chama, ganhou à até aí surpreendente Dinamarca com denodo e alguma sorte, e certificou o carimbo com galhardia, ânimo e inteligência defronte dos holandeses. A selecção laranja, com arrancos atemorizantes, mas sem carburar na mecânica que já a tornou célebre, engasgou perante Cristiano Ronaldo.
Nesta altura de garbo lusitano, homenageio também um dos maiores da língua Pátria. Gil Vicente, para mais com um apelido apropriado à ocasião. Os holandeses não o devem conhecer. Disse o mestre do teatro português que “mais quero um asno que me carregue que um cavalo que me derrube”, na “Farsa de Inês Pereira”. Mais de cinco séculos passados, o cavalo, sem ofensas, é CR7; a derrubada é a Holanda. O asno que me carregue é uma pluraridade que me exige outro apontamento.
Meio País já assassinou Cristiano Ronaldo em tascas, cafés, ‘snacks’, cafetarias, escritórios, paragens de autocarro ou metropolitano quando não estão em greve, repartições públicas em reajustamento, praias inundadas de desempregados e festivais musicais repletos de filhos de beneficários do rendimento social de inserção. Até nos Passos Perdidos ou nos jardins de São Bento ou de Belém já se terá ventilado este assunto da máxima segurança nacional...
É normal; é o País que temos! Voltemos à bola, para aquilatar os tontos justificativos: que o CR 7 tem um ego do tamanho do Universo. Porque ganha rios de ouro e que tem namoradas bonitas em barda. E só joga à fartazana nos clubes; na selecção é para esquecer!
Ah!, infecta inveja deste rectângulo! Amanhã vão apregoar que sempre sabiam que ele nos iria salvar. Mas o pior não é aquela conversa balofa à esquina, com uma ‘mine’ na mão, uma patanisca na outra e um fumante mal amarfanhado pela bigodaça.
O pior, à séria, reside nesta cáfila de comentadores encartados, gravata encastrada no bócio, a enxamear os nossos écrãs televisivos e a afiar a faca. Agora, devem estar a reorientar o discurso, como está em voga fazer a ‘narrativa’ (!?), em jeito de mau pagador e incompetente profissional.
Pela minha parte, fui esperando que o Cristiano Ronaldo ‘explodisse’ em campo. E nunca vi um jogo dele que desmerecesse desde que se iniciou este Euro. Contra a Alemanha, tirando o Pepe e, talvez, o Nani, poucos da selecção nacional saíram da mediania como ele. Contra a Dinamarca, para mim, já foi um dos melhores. Falhou dois golos, mas deu muito a entreter aos colegas e a sofrer aos adversários, mesmo falhando dois golos de baliza praticamente escancarada. Penso que Nani vai à frente nesta despropositada contabilidade, mas nem por isso, mais uma vez no meu singelo entender, deixa o craque do Manchester United de ser um dos melhores da selecção portuguesa.
Ontem, a exibição de Cristiano Ronaldo pouca margem deu à crítica. Dois golos, dois ferros, duas ou três grandes defesas tiradas a Sketellenburg. O pânico em Krakiv. Ainda bem! Ele tem emprego bem pago pelo que faz como quase ninguém!
Há outros, a tal cáfila a que me referi e que deveria ser referenciada, nome a nome, que nunca mais se emenda. Ou lhes acertam o passo ou a choldra vai prosseguir…
Já agora, gostava eu de saber, se o editorial e um artigo/reportagem/gabinete de curiosidades, publicados na passada quinta-feira por uma revista dita no segmento das ‘news magazines’ nacionais, têm alguma ponta de verdade sobre o que diz passar-se e ter-se passado recentemente na selecção nacional de futebol? Se sim, é um escândalo! Se não, parece-me que há um outro tipo de responsabilidades a apurar junto dessa publicação. Que eu paguei, como alguns milhares de portugueses.
Um Grande Bem-Hajam ou, simplesmente, Parabéns! Dedicados às quinas que há umas horas não quinaram. E que remeteram dinamarqueses e holandeses à burocrática tarefa de fazer as malitas. Sobre o que escrevi aqui há uns dias, tenho a notar que Paulo Bento já ficou com historial nestas fases finais de Europeus ou Mundiais de Futebol.
Mas só a partir de hoje! Conseguiu o feito de sermos os únicos que quando chegaram a fases decisivas dos troféus maiores do futebolês da Velha Europa seguiram sempre em frente, para a fase dos jogos a eliminar. Para mais, vencendo e ajudando a eliminar um vice-campeão mundial em título. Para ele só conta esta edição, mas não desmereceu. Começa a ser currículo…
A selecção lusa perdeu com a Alemanha sem chama, ganhou à até aí surpreendente Dinamarca com denodo e alguma sorte, e certificou o carimbo com galhardia, ânimo e inteligência defronte dos holandeses. A selecção laranja, com arrancos atemorizantes, mas sem carburar na mecânica que já a tornou célebre, engasgou perante Cristiano Ronaldo.
Nesta altura de garbo lusitano, homenageio também um dos maiores da língua Pátria. Gil Vicente, para mais com um apelido apropriado à ocasião. Os holandeses não o devem conhecer. Disse o mestre do teatro português que “mais quero um asno que me carregue que um cavalo que me derrube”, na “Farsa de Inês Pereira”. Mais de cinco séculos passados, o cavalo, sem ofensas, é CR7; a derrubada é a Holanda. O asno que me carregue é uma pluraridade que me exige outro apontamento.
Meio País já assassinou Cristiano Ronaldo em tascas, cafés, ‘snacks’, cafetarias, escritórios, paragens de autocarro ou metropolitano quando não estão em greve, repartições públicas em reajustamento, praias inundadas de desempregados e festivais musicais repletos de filhos de beneficários do rendimento social de inserção. Até nos Passos Perdidos ou nos jardins de São Bento ou de Belém já se terá ventilado este assunto da máxima segurança nacional...
É normal; é o País que temos! Voltemos à bola, para aquilatar os tontos justificativos: que o CR 7 tem um ego do tamanho do Universo. Porque ganha rios de ouro e que tem namoradas bonitas em barda. E só joga à fartazana nos clubes; na selecção é para esquecer!
Ah!, infecta inveja deste rectângulo! Amanhã vão apregoar que sempre sabiam que ele nos iria salvar. Mas o pior não é aquela conversa balofa à esquina, com uma ‘mine’ na mão, uma patanisca na outra e um fumante mal amarfanhado pela bigodaça.
O pior, à séria, reside nesta cáfila de comentadores encartados, gravata encastrada no bócio, a enxamear os nossos écrãs televisivos e a afiar a faca. Agora, devem estar a reorientar o discurso, como está em voga fazer a ‘narrativa’ (!?), em jeito de mau pagador e incompetente profissional.
Pela minha parte, fui esperando que o Cristiano Ronaldo ‘explodisse’ em campo. E nunca vi um jogo dele que desmerecesse desde que se iniciou este Euro. Contra a Alemanha, tirando o Pepe e, talvez, o Nani, poucos da selecção nacional saíram da mediania como ele. Contra a Dinamarca, para mim, já foi um dos melhores. Falhou dois golos, mas deu muito a entreter aos colegas e a sofrer aos adversários, mesmo falhando dois golos de baliza praticamente escancarada. Penso que Nani vai à frente nesta despropositada contabilidade, mas nem por isso, mais uma vez no meu singelo entender, deixa o craque do Manchester United de ser um dos melhores da selecção portuguesa.
Ontem, a exibição de Cristiano Ronaldo pouca margem deu à crítica. Dois golos, dois ferros, duas ou três grandes defesas tiradas a Sketellenburg. O pânico em Krakiv. Ainda bem! Ele tem emprego bem pago pelo que faz como quase ninguém!
Há outros, a tal cáfila a que me referi e que deveria ser referenciada, nome a nome, que nunca mais se emenda. Ou lhes acertam o passo ou a choldra vai prosseguir…
Já agora, gostava eu de saber, se o editorial e um artigo/reportagem/gabinete de curiosidades, publicados na passada quinta-feira por uma revista dita no segmento das ‘news magazines’ nacionais, têm alguma ponta de verdade sobre o que diz passar-se e ter-se passado recentemente na selecção nacional de futebol? Se sim, é um escândalo! Se não, parece-me que há um outro tipo de responsabilidades a apurar junto dessa publicação. Que eu paguei, como alguns milhares de portugueses.
sábado, junho 16, 2012
Ode a Vitor Baptista
Ah, que saudades dos artistas que eram papoilas benfiquistas
a laborar de sol a sol!
Em vez do Fábio milionário convoco o Pietra operário,
conservado em formol.
E prefiro o Vítor Baptista, com o seu brinco ametista,
que brilhava como um farol!
Já gostei mais de futebol.
Ah, do que Simões seria capaz enquanto o Nani finta um rapaz
no anúncio da Sumol.
Uma só perna do pai Veloso supera o inteiro filho vaidoso,
a passo de caracol.
Não sou nenhum marxista, mas preferia o Vítor Baptista
a todo este descontrole!
Já gostei mais de futebol.
O Toni, se não me engana, corria mais, tinha mais gana
que Cristiano Ronaldo,"O Espanhol".
E por não haver Eusébio o jogo não passa a provérbio
nem há herói que nos console.
Ah, que saudades dos artistas, d'esses todos Vitor Baptistas,
com barriguinha e colesterol!
Já gostei mais de futebol.
Já gostei mais de futebol.
a laborar de sol a sol!
Em vez do Fábio milionário convoco o Pietra operário,
conservado em formol.
E prefiro o Vítor Baptista, com o seu brinco ametista,
que brilhava como um farol!
Já gostei mais de futebol.
Ah, do que Simões seria capaz enquanto o Nani finta um rapaz
no anúncio da Sumol.
Uma só perna do pai Veloso supera o inteiro filho vaidoso,
a passo de caracol.
Não sou nenhum marxista, mas preferia o Vítor Baptista
a todo este descontrole!
Já gostei mais de futebol.
O Toni, se não me engana, corria mais, tinha mais gana
que Cristiano Ronaldo,"O Espanhol".
E por não haver Eusébio o jogo não passa a provérbio
nem há herói que nos console.
Ah, que saudades dos artistas, d'esses todos Vitor Baptistas,
com barriguinha e colesterol!
Já gostei mais de futebol.
Já gostei mais de futebol.
Irish blend
POR MIKE BRAMBLE
A Irlanda é uma realidade louvável. Como Cultura, como Nação. Há menos tempo, como Pátria.
Lawrence Sterne, George Bernard Shaw (antes de ensandecer), James Joyce, Oscar Wilde, Jonathan Swift, Samuel Beckett, Seamus Heaney. São excelentes ‘territórios’ a visitar. Ou a revisitar. Deixei para o fim, cônscio de ter falhado algures enormes proeminências do Eire, o inominável W. B. Yeats. Enorme entre estes grandes!
Posso estar errado, mas terei para aqui debitado qualquer coisa como quatro prémios Nobel da Literatura. Fascinante… O prólogo serve para tal. Ontem, estava a selecção de futebol irlandesa a levar quatro bolas secas da Espanha e os irlandeses entoavam cânticos belíssimos. E não se calaram… A tal ponto que o homem do jogo, “El Niño”, apregoam as fãs e os tontos jornalistas que encarreiram nestas tristes cenas, não conseguia ouvir as questões da ‘reportage’.
Os homens da lira compõem uma claque nos louros dos pergaminhos. Lembro-me de um belíssimo jogo em que Portugal recebeu no já demolido Estádio da Luz a República da Irlanda, na fase de apuramento para o Euro de 1996.
Os dois conjuntos estavam obrigados a ganhar, se quisessem ser apurados. Chovia, chovia… A Irlanda esteve em campo e Portugal foi marcando. Resultado: a Irlanda, levou com três bolázias, desta feita, bem molhadas e repompudas. Antes que o Alzheimer se apodere de mim, retive na memória o portento do Rui Costa, de fora da área.
O ânimo dos cânticos dos celtas foi sempre o mesmo. Como ontem. Na bela ressaca dessa partida também recordo com gratidão este episódio. Passadas uma horas, ainda São Pedro mandava das suas, um grupo de irlandeses entabulou conversa comigo. Mensagem a reter: “Nice game, mate. See you in Wembley, on the final”. O Euro foi em Inglaterra (nota-se sempre um certo azedume), mas eles tinham um obstáculo maior para lá chegar.
Portugal apurou-se directamente. Depois, Poborsky e Baía enterraram-nos, para não falar de A. Oliveira e seu irmão ‘muchacho’, J. Oliveira. A Irlanda não chegou lá, foi eliminada no ‘play off’ com a Holanda.
Na última tentativa para alcançar os palcos maiores dos Mundiais e dos Europeus da bola a onze, a Irlanda do digníssimo Trapatone foi impedida por um árbitro, contra a França, na fase de apuramento para o Mundial de 2010.
Ontem, a Irlanda saiu pela baixa em campo. Mas em grande alta nas bancadas. ‘Malt & Blend’! O futebol vale a pena assim, sem tácticas, com estratégia de pulso forte, animosa corda vocal e resiliente diafragma.
Vale um ‘whiskey’? Jameson, Bushmills, ‘you name it, mate’…
Agora, uma nota para dois lançamentos laterais. Dois grandes jogadores a resplandecer, que eu quero nomear aqui. Chevchenko. Fabulosos 35. Não é guarda-redes, continua a aterrorizá-los. Com golpes fatais.
E Andrea Pirlo. Também já tendo dobrado bem os trinta. Visão, precisão, desmarque, contenção. É a isto que os delirantes comentadores e opinadores desta faixa atlântica apelidam de ‘catenaccio”? Vá bene!
quinta-feira, junho 14, 2012
Rentes à Holanda
POR MIKE BRAMBLE
Depois de extintas as duas primeiras voltas dos dois grupos que entraram à frente nos campos da Polónia e da Ucrânia, há uma verdade insofismável neste Euro Futebol: há oito equipas que ainda podem seguir em frente. Para nós, que perdemos sem alma, nem técnica, também com aziaga sorte, no primeiro com a Alemanha; e que ganhámos com muito coração e empenho, ajudados pelos deuses, neste segundo com a Dinamarca; precisamos de algo mais para a terceira ronda, com a Holanda.
Socorro-me aqui de um escritor português ainda desmerecido... J. Rentes de Carvalho. Diz ele: “Há na língua holandesa uma expressão que constantemente se ouve: ‘de zakelijke aanpak’, a qual tem o significado literal de ‘à maneira do comércio’. Além de ser corrente e aceitável nas relações entre as pessoas, a frase justifica também que se tire o máximo proveito de tudo e todos, mesmo, e sobretudo, de quem não tem força ou ocasião para se defender” (“Com os Holandeses”, Quetzal).
Não foi escrito por encomenda para o jogo com os ‘laranjas’, que me parecem menos mecanizados que noutras épocas. Afigura-se-me um conselho relevante. J. Rentes de Carvalho, rijo transmontano, viveu nos Países Baixos a partir de 1956. É dessas primeiras décadas da segunda metade do vigésimo século D. C. que data esta assertividade. Será tolo desperdiçá-las?
Quiçá, arte e engenho nos levem lá...
segunda-feira, junho 11, 2012
Maria, a terrível.
Num post de 2006, dizia eu que a bela Sharapova haveria de fazer história. Ontem, em Roland Garros, cumpriu-se a profecia. A terrível russa dominou completamente a final, venceu a italiana Errani por 6-3, 6-2 e entrou directamente para o restrito clube de dez raparigas que conseguiram triunfar nos quatro torneios do Grand Slam. A elegância e a determinação de Maria Sharapova - que tem ainda 25 anos e muitos títulos pela frente - constituem um excelente exemplo de profissionalismo em alta competição. E elevam o ténis feminino a uma outra, a uma nova, categoria estética.
Cristiano Ronaldo, rói-te de inveja:
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Luís Vaz de Camões - Os Lusíadas - Canto I
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Luís Vaz de Camões - Os Lusíadas - Canto I
domingo, junho 10, 2012
Camões à vela
POR MIKE BRAMBLE
Hoje é dia de Portugal. Do meu País. E que melhor do que levar os nossos sonhos para alto mar? Foi sempre o que gostámos de fazer. Com mestria e galhardice. Em Lisboa, acabou hoje a Volvo Ocean Race, antes conhecida como “Whitbread Round the World Race”.
É mais um caso tipificado da decadência nacional. Já não temos marinheiros? Conny van Rietschoten, ilustre ‘skipper’ holandês, já ganhou três vezes esta maravilhosa competição, duas vezes de enfiada. Isto lembra-me algo lá para o século XVI, noutras alterosas ondas…
Para quem não conhece, a regata parte habitualmente da Europa em Outubro, tem nove ou dez etapas, cruza o Globo. Percorre, em média, 72 mil quilómetros, prolongando-se por nove meses. Tal como um novo ser humano…
Para quem gosta de estatísticas e é dependente das audiências, acrescento que esta bela refrega em altos mares é seguida ao écrã por mais de dois mil milhões de seres humanos.
Tal como no futebol, cada um destes ‘botes’ tecnológicos, tem uma equipagem de 11 profissionais. Ganham bem, mas metem menos água que outras alegadas vedetas sobre a relva.
Rasgam o Cabo Horn (ou ‘Hornos’), o Pacífico, o Atlântico. Aguentam temperaturas dos 5º negativos aos 40º positivos (Celsius). Etapas há que demoram mais de 20 dias. E cada um deles só tem direito a uma muda de roupa por etapa. Não há comida fresca a bordo.
Tudo decidido ao pormenor. Por cada equipagem, há um construtor de velas com a agulha à espreita, dois marinheiros salitrados e avalizados por médicos, um engenheiro físico e, espantemo-nos, um responsável pela comunicação.
Luiz Vaz de Camões não teve direito a estas benesses. Mas tinha a Dinamene e uma bóia de salvação, em dez cantos. Continua a singrar nas ondas deste Mundo!
Melancolia
POR ARTUR PAIXÃO
Sem razão que aparentemente o justifique, acordei hoje melancolicamente voltado para uma remota viagem a imagens do tempo que me passou ao lado, dos anos perdidos em coisa nenhuma realmente substantiva, como se só sustentado pelo oxigénio que se respira ainda sem taxa. Magoado pelo peso das coisas perdidas, mas de momento iluminado pelo fulgurante raio de sol que me aquece a calva num canto da minha varanda, circundado numa doce explosão de tons vermelhos, amarelos na base dum verde discreto e, em fundo, o Sinatra, envolvendo o espaço, gemendo que as flores não morrem e se renovam por um curto espaço de tempo que medeia a morte duma paixão e logo desabrocham numa aurora de cor e perfume encontradas a cem metros na esquina seguinte da decepção de cem metros atrás.
Tenho metido o sombrio carão no espelho enquanto raspo tufos embranquecidos da barba, salientes e pesados os papos sob os olhos como que mortos e os sulcos cavados, terrosos, na queixada caída. Por onde paira o garboso jovem, de juba farta, o seu sorriso, a sua natural elegância a rebentar de solicitações, a afirmação duma personalidade sem compromissos, irradiante, de alegria de viver; o tipo macho latino, lustroso de corpo ardendo ao sabor dum lânguido tango na mansarda do velho Olímpia ou revolteando ao som das maviosas valsas do Maxime ou rumbando no saudoso Ritz? Os amores ganhos e perdidos na voragem do tempo? Talvez fantasma ainda hoje reflectido nas molduras douradas de espelhos velhos como eu.
O Sinatra murmura neste exacto momento que nada se perdeu. Só contam os ganhos. Resta-me sair para a rutilante luminosidade que beija as flores da minha varanda, navegando no sonho de encontrar na esquina que se desenha cem metros adiante uma rosa que não tenha ainda murchado. Alindei-me com um cravo rubro, flamejante, na lapela do meu fato novo. Quem sabe?
Antes de sair, parti a porcaria daquele espelho.
Viagens na minha terra
POR MIKE BRAMBLE
Como eu previa, a selecção nacional de futebol demonstrou do que
não é capaz. Apanhou uma Alemanha tibia e dali não conseguiu sair. Dia 12, a
Dinamarca, a equipa mais forte deste grupo, no meu parco entender, irá explicar-nos
muito bem o que é futebol com balizas. Ou jogamos a um nível estratosférico ou
começamos a fazer as malas. A selecção de Fernando Gomes e de Paulo Bento tem
vários equívocos em campo. Fora dele, não me avantajo a elaborar. Mas
questiono! O que é que adianta ou atrasa Miguel Veloso, só para início de
conversa?
Mas hoje não venho aqui para isto, até porque não me apetece ser
rifado em profeta da desgraça. O que é que me interessa? Tive dois
fins-de-semana maravilhosos. Seguidos, ainda por cima. E devo-os a muita gente.
Começando pelo Paulo Hasse Paixão e pela sua parceira de vida. E com um carinho
especial para a minha cara-metade, mais gira que eu, claro, a enorme Maria
João.
Este sábado, a convite de vários amigos, de que haverei de falar
noutra ocasião, habitei a “minha terra” lusitana. Com o Garrett, Almeida,
sempre na feliz lembrança.
Há uma semana deliciei-me em Freamunde, Guimarães e Amarante.
Delineámos um roteiro notável. De amizade, civilização e outros sinónimos, como
boa comida e boa bebida. Este sábado voltei ao Vale de Santarém, terra
magnífica, onde ainda se trabalha a sério. Nasci em Moçambique, onde não mais
voltei desde 1973, mas o meu território de preferência é certamente o Ribatejo.
E fico contente por que continue a ser frequentado por gente boa, que me atura,
que me entende, que me acolchoa. Com boas migas, de broa e grelos, com bom
azeite, digníssimo pão e valentes vinhos.
Gente que trabalha na terra e disso faz vida honesta. Pelo pujante
Ribatejo sempre pugnarei! Homens e mulheres para quem a propriedade
terratenente não é um roubo. E que, nas casas mais recomendáveis, mantém
negócio florescente desde o último quartel do século XIX. Sem pedir subsídios
ao Terreiro do Paço. Ou a Bruxelas…
Este é um exemplo de um País que resulta (obrigado, Paixão!) e que
não está à procura de desculpas tontas.
Perante esta oportuna realidade, a selecção nacional de futebol
deveria confessar-se às moscas…
sábado, junho 09, 2012
A ambição de cavalcanti, filho.
Fiquei louco, fiquei tonto,
Meus beijos foram sem conto,
Apartei-a contra mim,
Enlacei-a nos meus braços,
Embriaguei-me de abraços,
Fiquei louco e foi assim.
O senhor cavalcanti, filho, diz que esta primeira estrofe do primeiro poema que o Fernandinho escreveu para a Ofélia é má poesia. E como é que uma merda de um advogado do recife sabe o que é boa ou má poesia? Isso, o senhor cavalcanti, filho, não sabe dizer.
Muito sinceramente, acho que a ambição do senhor cavalcanti, filho, é o de apequenar a grandeza de Fernando Pessoa, porque lá no Brasil não têm nenhum poeta destes, imortal. É claro que a ambição do senhor cavalcanti, filho, é uma pretensão e um equívoco porque não é concerteza uma besta destas que vai agora fazer estragos na glória do Fernandinho. E por isso, continuo a leitura. Quero ver até que ponto da infâmia, da ignorância e da estupidez é que este senhor é capaz de chegar. E quero continuar a aprender coisas interessantes como estas: a misteriosa loura que encantara o Fernandinho não podia ser uma morena. Olga escreve-se com O de Ofélia. Ofélia pertencia à classe média-baixa porque o avô era funileiro.
Meus beijos foram sem conto,
Apartei-a contra mim,
Enlacei-a nos meus braços,
Embriaguei-me de abraços,
Fiquei louco e foi assim.
O senhor cavalcanti, filho, diz que esta primeira estrofe do primeiro poema que o Fernandinho escreveu para a Ofélia é má poesia. E como é que uma merda de um advogado do recife sabe o que é boa ou má poesia? Isso, o senhor cavalcanti, filho, não sabe dizer.
Muito sinceramente, acho que a ambição do senhor cavalcanti, filho, é o de apequenar a grandeza de Fernando Pessoa, porque lá no Brasil não têm nenhum poeta destes, imortal. É claro que a ambição do senhor cavalcanti, filho, é uma pretensão e um equívoco porque não é concerteza uma besta destas que vai agora fazer estragos na glória do Fernandinho. E por isso, continuo a leitura. Quero ver até que ponto da infâmia, da ignorância e da estupidez é que este senhor é capaz de chegar. E quero continuar a aprender coisas interessantes como estas: a misteriosa loura que encantara o Fernandinho não podia ser uma morena. Olga escreve-se com O de Ofélia. Ofélia pertencia à classe média-baixa porque o avô era funileiro.
Russendisko
POR MIKE BRAMBLE
Vladimir Kaminer estará certamente feliz. Eu idem. Vi um jogo de futebol supimpa. A Rússia já merece os meus encómios. Velocidade, técnica, fantasia, sentido de baliza. Uma grande orquestra a debitar, alto e bom som. Arshavin até esteve discreto.
Já anda muita gente a decorar os nomes que campeiam naquela equipa.
Isto servirá também para percebermos uma outra realidade, não despicienda. Tal como os checos não são salvos pelo excelente guarda-redes, Petr Cech, que hoje encaixou quatro molotvs, também as nossas quinas não poderão dormir à sombra da bananeira, tecendo preces para que Cristiano Ronaldo decida tudo.
Retornemos a Vladimir: escreveu vários livros fantásticos, já traduzidos para português. Na Cavalo de Ferro e na Tinta da China, duas casas editoriais de que nos devemos orgulhar.
A música, a literatura, arte na relva. Um bom início de Europeu. Amanhã voltarei.
Mais informações espertas, prestadas diligentemente pelo senhor cavalcanti, filho.
O António Botto tinha uma pilinha pequenina e se calhar foi por isso que deu em paneleiro.
O Álvaro de Campos era paneleiro, talvez, mas o Caeiro era paneleiro de certeza porque escreveu um verso sobre o arrependimento de nunca ter levado no cu.
O Fernandinho (para grande desapontamento do biógrafo) é capaz de não ter sido paneleiro.
A madame da casa de putas que o Fernandinho não frequentava chamava-se Carriço.
A casa de putas da Madame Carriço ficava na Rua do Ferragial de Baixo, num edifício igual aos outros.
O Fernandinho, certa vez, olhou demoradamente para uma rapariga de dezassete anos, dezassete.
Ou então foi ela que olhou demoradamente para o Fernandinho, não se percebe bem.
O Fernandinho dirigia muitos bilhetes a mulheres casadas.
O biógrafo do Fernandinho é uma besta.
O Álvaro de Campos era paneleiro, talvez, mas o Caeiro era paneleiro de certeza porque escreveu um verso sobre o arrependimento de nunca ter levado no cu.
O Fernandinho (para grande desapontamento do biógrafo) é capaz de não ter sido paneleiro.
A madame da casa de putas que o Fernandinho não frequentava chamava-se Carriço.
A casa de putas da Madame Carriço ficava na Rua do Ferragial de Baixo, num edifício igual aos outros.
O Fernandinho, certa vez, olhou demoradamente para uma rapariga de dezassete anos, dezassete.
Ou então foi ela que olhou demoradamente para o Fernandinho, não se percebe bem.
O Fernandinho dirigia muitos bilhetes a mulheres casadas.
O biógrafo do Fernandinho é uma besta.
A bela e o monstro.
Federer é o aristocrata. Um cavalheiro e um estilista que parece de facto mais interessado em ser belo do que em sair vencedor. Djokovic é o operário. Dá a impressão que preferiria o ring ao court. Dá a impressão que não está completamente satisfeito com a sua posição de plebeu número um do atp. Joga como quem quer subir na vida.
Os dois realizaram ontem, na poeira solar do court central de Roland Garros, uma espécie de revolução francesa, para entertenimento de alguns milhões de estetas.
O resultado de 6-4, 7-5 e 6-3 - que transporta Djokovic para a sua primeira final de Roland Garros - pode dar a ideia de um encontro dominado pelo Sérvio. Mas os momentos de génio destas meias-finais foram todos do suíço, um autêntico cisne, que vai cantando a sua última canção.
sexta-feira, junho 08, 2012
Polska Circus MMXII
POR MIKE BRAMBLE
O senhor Manuel
José, das inebriantes profundezas da Primavera árabe que já experienciou no
Egipto, surgiu avantajado no alcance a desmoronar a já débil consistência da
selecção nacional de futebol.
Daí derivou um
enormíssimo bruá num país de ineptos, ainda por cima secundado (é o termo
correcto, desculpem-me) por Carlos Queiroz e outros andarilhos do sistema
nacional do futebolês. Porque teve uma reacção ‘inflamada’, tem repetido à
exaustão um jornalista do serviço público pago por todos nós.
Tudo porquê?
Porque o ‘seleccionador’, que nunca o foi nem o será, meteu a faca na ferida.
Sentido de oportunidade não é atributo que se lhe reconheça. Mas daí a
invectivarem o homem, pelo que disse de peito aberto, já me parece desajustado.
Dias antes, ouvi eu um senhor de fato axadrezado-listado a elaborar
libertariamente sobre este mesmo tema. Que o senhor seleccionador actual
deveria tirar o Miguel Veloso e colocar em campo o senhor Custódio. Homessa!
Nessa penada ninguém se importunou... Poderá servir este intróito para as
mentes mais incautas...
Vejo futebol nos
estádios desde a década de 80. Quando chega a este ponto terminal, de decidir o
futuro do rumo da selecção entre o Miguel Veloso e o Custódio, serão,
certamente, as palavras pouco necessárias. À volta será tudo cancerígeno...
Mas eu tenho a
teimosia e a pretensão de insistir. Já alguém se questionou de onde veio, o que
é que fez e o que é que realmente pretende cada um destes excelsos senhores
que, segundo nos apregoam, comandam a selecção nacional? Por exemplo, Fernando
Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, ou o ‘mister’
seleccionador Paulo Bento? Entre outras abencerragens que por ali deambulam há
mais de 25 anos e que nunca são levados à responsabilidade!
Eu sei, estas são
questões que nunca serão respondidas. Até Humberto Coelho, primoroso defesa
central, já entrou na sua zona de conforto. E agora apregoa, disfarçando o
despau-tério, que até gosta de estar “com gente rica”. Deveria mencionar os
‘sponsors’, até por uma questão simples de gratidão. Será que nestes tempos da
ira encoberta já custa dizer patrocinadores?
E acrescenta
Humberto Coelho que sobre a selecção mais cara do Europeu (não são os
contratos, são mesmo a estadia e as alcavalas), é preciso respeito. E que nada
desta alarvidade retira um cêntimo ao bolso dos portugueses. Sim senhor, com esta defesa, vamos longe! E se nos devolvessem, e se
retribuíssem?
Os meus
certíssimos críticos podem acantonar-me num beco sem saída. Que é que isto tem
a ver com futebol? Precisamente nada! Ora aí está: exactamente o que a selecção
tem feito. Ou seja, nada de bola. De bola, dentro da baliza, remato eu! E é aí
que persiste, como diria um extraterrestre avisado, o busílis.
Temos três jogos
para ganhar no circo da Polónia. Numa semana, passámos de 5º para 10º no
‘ranking’ da FIFA, seja o que isso for... Se a selecção nacional é um circo, o
público que tem enchido os estádios, só pode ser um colectivo palhaçóide...
No fim, podemos
sempre [figura de estilo], os 23 da selecção, mais os demais acom-
panhantes, vir de charrete e jantar na Fundação Champalimaud. É o estilo decadente, mas com grande sainete lusitano. Mas, se isto não correr bem, teremos, sempre, pena.
panhantes, vir de charrete e jantar na Fundação Champalimaud. É o estilo decadente, mas com grande sainete lusitano. Mas, se isto não correr bem, teremos, sempre, pena.
Repegando numa
ideia agora divulgava por Carlos Queiroz, poderemos, desta feita, pedir aos
‘sponsors’ que, para a próxima, sorteiem, não só o 23º jogador, mas todos eles,
juntando o selecionador e o presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
Pois, que é certo: o sortilégio tem, por voltas, cobertura para proteger os
incompetentes.
Voltarei aqui,
porque esta gente não me dá repouso...
À descoberta do Mestre Delirante de Guimarães.
O Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, apresenta por estes dias uma exposição absolutamente bela: "Angelorum. Anjos em Portugal" na qual se contam quase mil anos da representação do anjo na arte pátria. A exposição é muito bem complementada pela expressão contemporânea de Paulo Neves e Catarina Machado. E foi assim, no Sábado à noite (acho que nunca tinha estado num museu depois de jantar - adorei), que a minha ignorância foi um pouco aliviada pelo alegre convívio com o génio do Mestre Delirante de Guimarães. Há um Portugal que resulta, aqui.
quinta-feira, junho 07, 2012
O Estado a que a NASA chegou.
Este post podia muito bem entrar na rubrica Obama Toon Factory. Senão vejamos: desde que a actual administração democrata iniciou o seu desastroso percurso, a NASA tem sido sucessivamente destituída de competências e de financiamento. O encerramento do programa Space Shuttle sem qualquer alternativa em agenda, o despedimento de milhares de funcionários, a irresponsável condução da exploração espacial para o sector privado, a infame politização da actividade da agência, criaram um vazio miserável que trai e corrompe em grande medida o sonho americano.
Aqui há uns dias soube-se que a NRO (National Reconnaissance Office) colocou à disposição da NASA dois telescópios-espiões que são tecnicamente muito superiores ao Hubble e até de manutenção menos onerosa. A Nasa agradeceu a oferta mas fez saber que, pelo menos até 2024 (!), não terá, muito simplesmente, recursos técnicos e financeiros para os recondicionar de forma a que possam servir fins científicos.
Esta é a herança de Barak Obama: um estado gastador, marxista, igualitarista (literalmente anti-americano), mas sem glória, sem ambição, sem a vertente onírica que sempre orientou e inspirou a federação.
Como é que foi possível eleger este homem? E como é que é possível que se considere a sua re-eleição?
Nunca pensei viver o suficiente para testemunhar isto: o império americano em autofagia.
terça-feira, junho 05, 2012
segunda-feira, junho 04, 2012
Jornal de Letras | Janeiro/Junho 2012
Inicio aqui, com 35 anos de atraso, o resgisto das minhas leituras. Como esta nova rubrica não tem compromissos retroactivos (a lista dos livros da minha vida até 2007 pode ser encontrada aqui, aqui e aqui), eis o que li entre Janeiro e Maio deste triste ano de 2012.
A Rainha Vitória - Jacques de Langlade - Publicações Europa América
Uma biografia pobre no estilo e discreta no conteúdo. Levei-a até ao fim porque vinha lançado pela leitura de "Os Três Imperadores" de Miranda Carter, a suculenta história dos três netos de Vitória (Eduardo VII, Guilherme II e Nicolau II) cujas desavenças levaram à eclosão da Primeira Grande Guerra.
No Coração Desta Terra - J. M Coetzee - Publicações Dom Quixote
Relato poderoso, na primeira pessoa, de uma fazendeira sul africana, solitária e sensível, que acaba por assassinar o pai. A critica tratou logo de estabelecer uma relação metafórica entre a protagonista e os negros colonizados e entre o pai dela e os brancos colonizadores, (o fardo do homem branco vem sempre a propósito), mas este romance vai muito para além da idiotia politicamente correcta.
O Corpo Enquanto Arte - Don DeLillo - Relógio d'Água
O meu primeiro livro de Don DeLillo. Não gostei nada. Mas, ainda assim, acredito que o homem tem mais do que isto para oferecer e tenho mais dois ou três romances dele na prateleira das leituras prioritárias.
A Viagem do Elefante - José Saramago - Caminho
Não é o melhor de Saramago, mas a crónica da viagem entre Lisboa e Viena empreendida pelo elefante que D. João III ofereceu ao Arquiduque Maximiliano da Áustria é uma muito simples maravilha.
História da Filosofia - 1º Volume - Dos Pré-Socráticos à Idade Média - Juan Manuel Navarro Cordon e Tomas Calvo Martinez - Edições 70
É a terceira vez que leio esta obra, que revisito desde os tempos de liceu, para combater o esquecimento. Faz-me sempre bem ler filosofia.
O Retorno - Dulce Maria Cardoso - Tinta da Cinha
Bibliotecas Cheias de Fantasmas - Jacques Bonnet - Quetzal
Um livro para quem gosta de livros e tem muitos. A logística das bibliotecas e o labirinto da literatura. Muito bom.
História Natural da Destruição - W. G. Sebald - Teorema
Ainda embalado pelo romance de Vonnegut, deparo-me com este grave conjunto de ensaios de Sebald. No original alemão o livro chama-se Luftkrieg und Literatur (Guerra Aérea e Literatura), título que é eloquente por si só. Sebald dedica-se à tarefa ingrata de se perguntar porque raio é que a literatura germânica do pós-guerra é tão silenciosa no que diz respeito aos bombardeamentos massivos a que foram sujeitas as cidades alemãs no fim da guerra (Dresden, Colónia, Hamburgo, Berlim, etc.). Um livrinho bastante deprimente, que dá que pensar.
A Rainha Vitória - Jacques de Langlade - Publicações Europa América
Uma biografia pobre no estilo e discreta no conteúdo. Levei-a até ao fim porque vinha lançado pela leitura de "Os Três Imperadores" de Miranda Carter, a suculenta história dos três netos de Vitória (Eduardo VII, Guilherme II e Nicolau II) cujas desavenças levaram à eclosão da Primeira Grande Guerra.
No Coração Desta Terra - J. M Coetzee - Publicações Dom Quixote
Relato poderoso, na primeira pessoa, de uma fazendeira sul africana, solitária e sensível, que acaba por assassinar o pai. A critica tratou logo de estabelecer uma relação metafórica entre a protagonista e os negros colonizados e entre o pai dela e os brancos colonizadores, (o fardo do homem branco vem sempre a propósito), mas este romance vai muito para além da idiotia politicamente correcta.
O Corpo Enquanto Arte - Don DeLillo - Relógio d'Água
O meu primeiro livro de Don DeLillo. Não gostei nada. Mas, ainda assim, acredito que o homem tem mais do que isto para oferecer e tenho mais dois ou três romances dele na prateleira das leituras prioritárias.
A Viagem do Elefante - José Saramago - Caminho
Não é o melhor de Saramago, mas a crónica da viagem entre Lisboa e Viena empreendida pelo elefante que D. João III ofereceu ao Arquiduque Maximiliano da Áustria é uma muito simples maravilha.
História da Filosofia - 1º Volume - Dos Pré-Socráticos à Idade Média - Juan Manuel Navarro Cordon e Tomas Calvo Martinez - Edições 70
É a terceira vez que leio esta obra, que revisito desde os tempos de liceu, para combater o esquecimento. Faz-me sempre bem ler filosofia.
O Retorno - Dulce Maria Cardoso - Tinta da Cinha
Uma arrepiante narrativa sobre um tema tabu da Terceira República: o regresso a Portugal, forçado e caótico e humilhante, de meio milhão de portugueses, decorrente do processo de descolonização que se seguiu ao 25 de Abril. O melhor romance em língua portuguesa que li nos últimos anos. Inspirador.
Matadouro Cinco - Kurt Vonnegut - Bertrand Editora
A genial historieta de Billy Pilgrim, testemunha do pesadelo de Dresden, cobaia de extraterrestres e próspero optometrista. Um romance num milhão.Matadouro Cinco - Kurt Vonnegut - Bertrand Editora
Bibliotecas Cheias de Fantasmas - Jacques Bonnet - Quetzal
Um livro para quem gosta de livros e tem muitos. A logística das bibliotecas e o labirinto da literatura. Muito bom.
História Natural da Destruição - W. G. Sebald - Teorema
Ainda embalado pelo romance de Vonnegut, deparo-me com este grave conjunto de ensaios de Sebald. No original alemão o livro chama-se Luftkrieg und Literatur (Guerra Aérea e Literatura), título que é eloquente por si só. Sebald dedica-se à tarefa ingrata de se perguntar porque raio é que a literatura germânica do pós-guerra é tão silenciosa no que diz respeito aos bombardeamentos massivos a que foram sujeitas as cidades alemãs no fim da guerra (Dresden, Colónia, Hamburgo, Berlim, etc.). Um livrinho bastante deprimente, que dá que pensar.
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